O chanceler italiano, Franco Frattini, voltou neste sábado a comentar o caso do ex-ativista Cesare Battisti, que teve sua extradição aprovada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) na quarta-feira.

Para ele, a decisão dos magistrados impôs uma "derrota política" ao ministro da Justiça brasileiro, Tarso Genro, que em janeiro havia concedido refúgio político ao italiano.

"Genro foi politicamente derrotado, e está claramente errado ao continuar a defender sua decisão equivocada", disse o ministro italiano, em entrevista concedida ao diário "La Stampa".

Frattini respondeu desta forma ao ser indagado sobre recentes declarações do ministro brasileiro, que afirmou, ao citar a situação de Battisti, poder identificar o avanço de ideias fascistas em alguns setores do governo da Itália.

Na última quarta-feira, o STF aprovou a extradição do ex-ativista, condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos ocorridos no fim da década de 1970, quando militava na organização PAC (Proletários Armados pelo Comunismo).

Posteriormente, em uma segunda votação, os magistrados entenderam que a decisão final sobre o caso cabe ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que poderá ou não seguir a indicação.

Ontem, Lula adiantou que só irá se pronunciar depois de receber o acórdão (parecer formal) do STF, o que deve adiar a solução para o ano que vem.

Antes de Frattini, o ministro da Defesa da Itália, Ignazio La Russa, também havia se referido ao caso, mas evitou comentar a postura de Tarso. "[Ele] é livre para expressar sua opinião, como nós fazemos aqui na Itália", disse ontem.

Cesare Battisti segue detido na Penitenciária da Papuda, em Brasília, e faz greve de fome há mais de uma semana, enquanto aguarda a definição de seu futuro.