A bancada do DEM no Senado é favorável à abertura de processo disciplinar para investigar o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), suspeito de envolvimento com o mensalão.
"Há consenso em relação à abertura de processo disciplinar, e que o prazo entre a abertura de processo e a votação do relatório final não ultrapasse 10 dias", afirmou o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (DEM-RN). A proposta deve ser apresentada na reunião da Executiva Nacional, que acontece no final do dia.
Dividido, parte do partido defende a expulsão imediata de Arruda. No entanto, membros da Executiva Nacional da legenda argumentam que Arruda deve ter prazo para se defender.
Hoje, a bancada do DEM no Senado decidiu levar à Executiva Nacional a proposta de conceder prazo para o governador se defender.
Agripino é favorável à expulsão imediata de Arruda, mas disse que vai levar à reunião a proposta de concessão do prazo de dez dias.
Favorável à expulsão imediata de Arruda, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) disse que vai apresentar petição à Executiva sugerindo a expulsão imediata de Arruda --iniciativa que deve ser acompanhada por outros integrantes do partido.
A proposta de concessão de prazo para defesa ocorre um dia depois de Arruda fazer ameaças ao DEM. Ontem, ele se reuniu com a cúpula do DEM. Participantes da reunião relataram que o governador teria feito ameaças a integrantes da legenda. Arruda teria dito que se o DEM radicalizasse, ele iria radicalizar no futuro também --o que foi entendido como ameaça.
Agripino disse que o DEM não vai recuar "em hipótese alguma" e disse que as ameaças são "hipotéticas". O líder afirmou que o partido vai dar respostas duras à crise. "O partido está com a disposição de mostrar a sua cara. Se outros não o fizeram, o DEM o fará. Esse é o nosso assunto da pauta. Estamos tomando posições que outros partidos não tomaram", disse o senador.
Dois cenários
Na prática, o DEM tem dois cenários para o futuro de Arruda: a expulsão imediata ou a abertura de processo de investigação para ser finalizado em 10 dias. Essa última proposta dá tempo de defesa ao democrata.
Agripino argumenta que, se a expulsão imediata ocorrer, ainda assim Arruda terá tempo para se defender das denúncias. "O direito de defesa, ele terá em qualquer circunstância. Se for expulso, terá o direito de se defender e depois se votará o processo", afirmou o líder.
Composta por 45 democratas, a Executiva Nacional do DEM se reúne hoje, às 16h, para decidir se mantém Arruda em seus quadros até que apresente defesa.
Nos bastidores, democratas afirmam que a fixação do prazo de 10 dias para Arruda se defender mostra que o partido tem pressa para resolver o caso. Tradicionalmente, os processos disciplinares demoram mais de um mês para serem concluídos.
Divisão
Os democratas admitem que estão rachados sobre sobre as medidas a serem tomadas nesse caso. Enquanto a ala ligada ao presidente do partido, Rodrigo Maia (RJ), defende a concessão de prazo para Arruda se defender, Agripino, Demóstenes e o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) cobram a expulsão sumária do governador.
Mesmo rachados, os 45 integrantes da Executiva do DEM terão que decidir o futuro do governador tendo em vista a tentativa de dar uma satisfação à opinião pública.
