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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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PMDB vê motivação política em vídeo que cita caciques do partido à corrupção no DF

A cúpula do PMDB atribui à disputa eleitoral de 2010 a divulgação de nomes de quatro deputados do partido que supostamente teriam recebido recursos no esquema do mensalão do DEM no Distrito Federal. Como o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), é cotado para disputar a vice-presidência da República na chapa da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), o partido acredita que há motivação política nas acusações.


"Pode ser. Sem colocar a questão da vice, mas como se fala nisso, é possível que seja isso. Eu não saberia dizer [a motivação], não tenho razões concretas dessa vilania", disse Temer. Na opinião do deputado, "a campanha eleitoral já começou".

Irritados com o envolvimento do partido no caso, os peemedebistas vão ingressar na Justiça com queixa-crime contra Alcir Colaço, dono do jornal Tribuna do Brasil, que revela numa conversa com Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal, o suposto pagamento de propina para Temer e os deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e Tadeu Filipelli (PMDB-DF).

Além da vice-presidência, o PMDB também acredita que a disputa pelo governo do Distrito Federal em 2010 tenha motivado as denúncias. O ex-governador do DF Joaquim Roriz (PSC) rompeu com o PMDB neste ano, o que na opinião de alguns peemedebistas mostra que ele pode ser um dos responsáveis pelas acusações.

"A minha suspeição é que seja uma vingança do Roriz pela sua saída do PMDB. Estou indignado com essa situação. Não conheço nenhuma dessas pessoas, nunca nem ouvi falar neles", disse Cunha.

Ao contrário do deputado, Temer evitou atribuir a Roriz a responsabilidade pelas acusações. "Já ouvi essa interpretação, mas não quero fazer juízo de valor a respeito disso. Tenho muito respeito pelo Roriz", afirmou.

Filipelli, que é presidente do PMDB-DF, rompeu com Roriz neste ano depois que o partido desistiu de lançar candidato próprio ao governo do Distrito Federal em 2010 para apoiar a reeleição do atual governador José Roberto Arruda (DEM). O ex-governador deixou o PMDB e ingressou no PSC para lançar o seu nome na disputa eleitoral.

Arruda também atribui a Roriz a responsabilidade pelas acusações. O governador do DF, que se tornou suspeito de ser o principal envolvido no caso, disse que Roriz quer "ganhar no tapetão" a disputa de 2010 --por isso teria convencido Barbosa a divulgar imagens que mostram Arruda e alguns de seus principais colaboradores recebendo dinheiro da suposta propina.

Justiça

Cunha disse que já ingressou hoje com queixa-crime contra Colaço na Justiça Federal. Filipelli também confirmou, por meio de assessores, que tomou medida similar. Temer disse que já preparou petições com queixa-crime para apresentar à Justiça do DF. O presidente da Câmara também disse que vai tomar "ações judiciais responsabilizadoras".

"Hoje é um dia de frieza e de tomar providências concretas para revelar que não temos nenhum temor, mas nenhuma preocupação em relação a isso. Disse ontem a respeito da vilania desses atos e, por isso, digo a vocês que hoje, para revelar absoluto destemor, estou tomando providências judiciais", disse Temer.

Henrique Eduardo Alves está fora de Brasília mas, segundo assessores, teria encaminhado documentos para seus advogados tomarem as medidas judiciais contra Colaço.

A Folha teve acesso ao vídeo no qual Collaço fala sobre uma suposta propina paga aos caciques peemedebistas na Câmara. O grupo chancelou a permanência de Filippelli no comando do PMDB-DF, forçando a saída de Roriz do partido em setembro. Roriz foi rifado com a aliança dos peemedebistas com o governador Arruda.

Na gravação, Barbosa diz que Arruda "dava 1 milhão por mês para Filippelli". Collaço fala em outro valor e detalha a suposta partilha: "É 800 pau [sic]. Quinhentos pro Filippelli, 100 para o Michel, 100 para Eduardo, 100 para Henrique Alves".

O vídeo foi entregue à Polícia Federal, mas não há menção a gravação a nenhum dos peemedebistas citados. Deputados federais só são investigados com autorização do Supremo Tribunal Federal.
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