Olhar Direto

Quinta-feira, 18 de julho de 2024

Notícias | Política BR

Para ministro Barbosa, polêmica sobre recibo contra Azeredo é artificial

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, rebateu nesta quinta-feira as dúvidas lançadas pelo ministro José Antonio Dias Toffoli sobre as provas da denúncia apresentada pelo Ministério Público contra o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) por suposto envolvimento com o mensalão mineiro --esquema de arrecadação ilegal de recursos durante a campanha a governador de 1998.


Relator do caso, Barbosa classificou de "polêmica artificial" os questionamentos sobre a validade do recibo de R$ 4,5 milhões que teria sido assinado pelo tucano para honrar compromissos diversos com as agências de publicidade de Marcos Valério, que ficou conhecido como operador do mensalão.

Após as críticas de Toffoli sobre a validade do recibo, Barbosa disse que o lobista Nilton Monteiro, que também havia trabalhado na campanha de Azeredo, juntou ao processo uma declaração de que o documento teria sido reconhecido em cartório.

"Eu omiti deliberadamente que o informante Monteiro, autor desse recibo, fez juntar aos autos desse inquérito uma cópia do recibo que há uma autenticação cartorária. Não mencionei porque o acusado não teve oportunidade de falar. Estou trazendo e fazendo esse esclarecimento por causa dessa polêmica artificial porque meu voto não se baseia nesse recibo", disse.

Toffoli votou contra o relator do caso. Para ele, não há nada que mostre o envolvimento do senador no caso. "Não vi nenhum ato praticado por Azeredo", disse.

Toffoli colocou em dúvida o recibo e uma lista assinada por Mourão. Para o ministro, o documento, apesar de ter recebido laudo de autenticidade do Instituto Nacional de Criminalística da PF, em Brasília, e revelado que a arrecadação da campanha de Azeredo teria atingido R$ 100 milhões em 1998, é cercado de dúvidas. Toffoli disse que a situação poderia ter sido criada por Mourão para pressionar Azeredo.

A postura de Toffoli irritou Barbosa que chegou a falar que o mais novo ministro do STF tem feito "comparações impertinentes" e que "parecia não ter lido os autos".

"Nessa lista, Claudio Mourão já cita Azeredo como ex-governador. A lista foi feita quando Azeredo era senador e não mais governador. [...] Nem se somadas as principais campanhas presidenciais daquele ano alcançaríamos os R$ 100 milhões. Essa soma de dinheiro não se enquadra nas realidade do país daquela época. Essa lista é produto para outras finalidades. É isso que eu deduzo. Claudio Mourão procurava obter mais vantagem", disse Toffoli.

O relator não gostou das considerações. "Isso é claro. Esses fatos só vieram à tona em 2005, após a eclosão do mensalão", disse Barbosa.

Toffoli manteve seus questionamentos sobre as provas. "Para mim é indiferente se o recibo é verdadeiro e falso. Agora, não dou fé a essa lista. O simples fato de o denunciado supostamente ter assinado um recibo por intermédio de seu coordenador de campanha não é elemento suficiente para abrir ação", disse.

Barbosa voltou a questionar a postura do colega. "Nessa fase não se julga nem se examina se é legitimo ou não. Vossa excelência parece que não me ouviu e não leu os atos", afirmou.

Toffoli ignorou o colega e devolveu a provocação. "Eu ouvi o senhor por dois dias. Será que posso continuar meu voto?"
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
Sitevip Internet