Os desembargadores Getúlio Pinheiro Sousa e Romeu Gonzaga Neiva negaram nesta sexta-feira tráfico de influência do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), investigado por suposto esquema de corrupção, no TJ (Tribunal de Justiça) local.

Pinheiro Sousa e Gonzaga Neiva aparecem ao lado do colega José Cruz Macedo em áudios da operação Caixa de Pandora, transcritas pela PF.

Segundo Pinheiro Sousa, que é corregedor do tribunal, os diálogos entre Arruda e o chefe da Casa Civil do governo distrital, José Geraldo Maciel, comentando uma suposta troca de favores com magistrados, são constrangedores.

O corregedor afirmou, no entanto, que a ideia de influência não se confirma porque todas as denúncias analisados no TJ-DF contra o ex-secretário Durval Barbosa, que delatou o esquema de pagamento de propina, foram aceitas.

"Não vejo como que se pode atribuir um tráfico de influência se não houve nenhuma influência por parte do governo e em todos os processos contra o senhor Durval eu votei pelo recebimento da denúncia. [...] É um constrangimento muito grande. Colocaram em dúvida a imparcialidade, a credibilidade do tribunal que são os nossos instrumentos de trabalho. É incompreensível que se dê ao episódio conotação de tráfico de influência", afirmou.

Em uma das gravações, Arruda disse a Durval que seu inquérito estaria "seguro" com Pinheiro Sousa e que ele tinha oferecido um jantar para corregedores.

De acordo o corregedor do TJ-DF, essa confraternização é "praxe", quando ocorre o encontro nacional da categoria. Ele disse ainda que já havia votado pelo acolhimento da denúncia contra Durval, quando o jantar foi oferecido.

Pinheiro Sousa negou que os magistrados estejam envolvidos no esquema de corrupção e criticou a imprensa. "Não há notícia do envolvimento de magistrados nos fatos que estão em evidencia. [...] Não pensávamos que fosse descambar para o que ouvimos quando passaram a fazer a relação entre os nossos nomes e o mensalão", disse.