Olhar Direto

Sexta-feira, 19 de julho de 2024

Notícias | Política BR

Desculpas refletem interesse de Honduras em reconciliação, diz Azeredo

O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Eduardo Azeredo (PSDB-MG), afirmou neste sábado que o pedido de desculpas do governo de Honduras ao Brasil por ter barrado e deportado a consulesa brasileira Francisca Francinete de Melo demonstra mais uma vez o interesse do país em retomar as relações diplomáticas.


Na avaliação de Azeredo, o governo brasileiro precisa reconhecer que errou na condução da crise e tentar uma reaproximação, reconhecendo a legitimidade do governo de Porfírio Lobo.

"É claro que o governo de Honduras tem o interesse em retomar a relação diplomática com o Brasil, até pelo prestígio que o nosso país tem recebido da comunidade internacional. Agora, o presidente Lula [Luiz Inácio Lula da Silva] precisa reconhecer que errou e encontrar uma saída para essa enrascada diplomática que entramos e reconhecer o novo governo hondurenho", disse.

Segundo o presidente da comissão, o Brasil saiu "arranhado" do golpe em Honduras e insistir em não reconhecer o novo governo pode deixar a situação do país mais delicada.

"O Brasil não saiu bem desse episódio. O governo brasileiro deixou de lado a linha diplomática de imparcialidade que costuma seguir e interferiu diretamente na crise e ainda de forma precipitada. Era necessário condenar o golpe no primeiro momento, mas depois as decisões brasileiras foram seguidas por uma série de trapalhadas", afirmou.

O incidente com a consulesa ocorreu na sexta-feira e chefe da agência de imigração hondurenha, Nelson Willy Mejía, acabou destituído do cargo.

Conforme o ministro de Interior e de Justiça, Áfrico Madrid, a diplomata brasileira chegou ao aeroporto Toncontín, da capital Tegucigalpa, em um voo comercial saído de Miami, nos EUA, mas teve a sua entrada negada. Ela acabou enviada de volta para os Estados Unidos.

O ministro disse que a brasileira recebeu um "tratamento indigno" e que, por isso, o responsável hondurenho foi demitido. Madrid ainda disse esperar que a consulesa brasileira expulsa retorne ao país. Antes, ele reconheceu que o episódio "poderia colocar em risco as políticas e a situação internacional de Honduras".

À agência de notícias Efe, uma fonte do setor de imigração hondurenho afirmou que a ordem para impedir a entrada da brasileira partiu da chancelaria do país. O substituto do chefe para imigração deverá ser anunciado nos próximos dias.

Para Madrid, a agência de imigração aparentemente agiu conforme ordens deixadas pelo governo anterior, do presidente interino Roberto Micheletti. Nem o governo de Micheletti e nem o atual, do recém-empossado Porfírio Lobo, são reconhecidos pelo Brasil, para quem Manuel Zelaya, destituído da Presidência em junho do ano passado e exilado na República Dominicana desde a posse de Lobo, sofreu um golpe de Estado.

No auge da crise, Zelaya entrou clandestinamente em Honduras, onde era ameaçado de prisão, e buscou abrigo na embaixada brasileira em Tegucigalpa, o que estremeceu ainda mais as relações entre ambos os países. O hondurenho acabou passando mais de quatro meses na sede diplomática, sob forte cerco militar.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
Sitevip Internet