Reduzir Normal Aumentar Imprimir Cientistas políticos afirmaram neste sábado que o uso da internet pode ser a grande chance para que os candidatos de partidos pequenos - chamados nanicos - à Presidência da República apresentem suas propostas. Na opinião de Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UnB), até mesmo a senadora Marina Silva (PV), que apareceu em recente pesquisa com quase 10% das intenções de voto, deverá recorrer à web, pois terá pouco tempo de televisão para a propaganda eleitoral, determinado pelo tamanho dos partidos.

Com a mudança das regras eleitorais, as emissoras de TV não precisam mais convidar todos os candidatos para os debates. A regra veio consolidar o que já ocorria na prática. Segundo o cientista político da Unicamp Valeriano Mendes Ferreira, as TVs podem chamar os principais candidatos para os debates e, para tentar compensar os demais, realizar com eles entrevistas exclusivas individuais.

Mudança positiva
Na opinião de Ferreira, a prática, que à primeira vista parece antidemocrática, é acertada porque um debate em torno de um grande número de candidatos pode confundir o eleitor. "É um paradoxo. Mas o debate em torno de muitos não é vantagem para o eleitor. Nas grandes democracias, como Estados Unidos e Inglaterra, o eleitor tem que decidir entre dois. E este modelo é o ideal", diz ele.

Barreto também concorda que debates televisivos com muitos candidatos não são necessários. "Em 89, todos os candidatos eram chamados. Mas aquele era um momento especial de redemocratização."

O especialista disse ainda que este tipo de regra dificulta a vida dos "nanicos". E apesar de acreditar que a chance destes presidenciáveis é apostar na internet, afirma que o fato de "apenas 23% dos brasileiros terem acesso à rede e a maioria destes serem de jovens" representa uma barreira.