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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Promotor estima em R$ 100 milhões desvio no caso Bancoop

O desvio de dinheiro da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo) para financiamento de campanhas do PT pode ter chegado a R$ 100 milhões, segundo estimativa do promotor José Carlos Blat, do Ministério Público de São Paulo.


De acordo o promotor, os valores já eram conhecidos desde 2008, ainda na fase do inquérito instalado para investigar o suposto desvio que prejudicou 3.000 famílias de cooperados, com prejuízo médio de R$ 33 mil. "Os valores foram calculados pelas diferenças de balanços e pela análise de documentos recolhidos na investigação", disse Blat. Os números já haviam sido divulgados pela Promotoria.

Na sexta-feira, o promotor pediu ao Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais e Polícia Judiciária), do Tribunal de Justiça de São Paulo, a quebra de sigilo bancário e fiscal do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, por suposto envolvimento no esquema de desvio. Blat também pediu o bloqueio das contas da cooperativa. "O mais importante é o bloqueio da contas para garantir o ressarcimento dos cooperados", afirmou. Ele espera que seu pedido seja aceito nos próximos dias.

Blat disse que não irá responder aos ataques de membros do PT depois que o caso voltou à pauta com a reportagem da revista "Veja" sobre os novos pedidos. "Toda vez que eu faço investigação do partido A é porque eu pertenço o partido B", afirmou, lembrando que era chamado de petista quando investigou o caso da Máfia dos Fiscais em 1998, durante a gestão do então prefeito Celso Pitta.

O promotor afirmou que o seu trabalho é técnico. "Não vou me abalar com isso." De acordo com Blat, não há relação com o pedido feito sexta-feira com o momento eleitoral. "Não vou deixar de investigar esse caso porque este ano é de eleição", afirmou.

Ontem, o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vacarezza (PT-SP), desafiou o promotor a provar que Vaccari Neto sacou recursos em dinheiro no suposto esquema de desvio de verba da Bancoop.

Ele disse que, se o promotor comprovar que houve saques em dinheiro, o petista renuncia ao seu mandato na Câmara. "Se tiver R$ 30 milhões ou R$ 100 milhões de saque na boca do caixa, renuncio ao meu mandato. Se não tiver, ele renuncia ao cargo dele no Ministério Público", afirmou.

Já o deputado José Aníbal (PSDB-SP) criticou a reação de líderes do PT. O tucano comparou o comportamento do deputado Fernando Ferro (PT-SP), líder do PT na Câmara, com o do deputado Paulo Maluf (PP-SP) sobre as investigações dos promotores.

"A postura dele [Ferro] me lembra muito a do Maluf: falar mal do promotor", afirmou Aníbal, que hoje pela manhã participou de um debate com Ferro sobre caso em uma rádio de São Paulo. "O que me preocupa no PT é esse fato: os fins justificam o meio", disse.

Já a ministra Dilma Rousseff afirmou que o tesoureiro do PT tem direito de defesa nas acusações. "Eu não tenho como me manifestar sobre isso, até porque eu não voto, o Vaccari tem todo o direito de defesa e nós temos tido bastante clareza em defender o direito das pessoas de se defenderem antes de serem condenadas, acusadas e de fato afastadas", afirmou.

Nesta terça-feira, a Assembleia Legislativa de São Paulo deve instalar uma CPI para investigar o caso.

De acordo com reportagem da revista "Veja" desta semana, o promotor analisou mais de 8.000 páginas de documentos do processo que envolve o desvio de recursos e concluiu que a direção da Bancoop movimentou R$ 31 milhões em cheques para a própria cooperativa. Esse tipo de movimentação é uma forma de não revelar o destino do dinheiro.

Segundo a denúncia, dirigentes da cooperativa teriam criado empresas fantasmas que prestavam serviços superfaturados e faziam doações não contabilizadas ao PT. Para Blat, há indícios de caixa dois, uma vez que os recursos repassados ao partido não constam dos registrados da Justiça Eleitoral.
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