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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

Notícias | Educação

'Foi covardia', dizem pais sobre fechamento de creche da USP

Pais de crianças que frequentam a creche central da Universidade de São Paulo (USP) avaliam como “covarde” a decisão do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) de obstruir a entrada do local desde a segunda-feira (28) e dizem que houve constrangimento a crianças. Cerca de 200 crianças foram afetadas. A creche oeste, que também fica no campus Butantã da universidade, está fechada desde o início da greve.


De acordo com o diretor executivo da Associação de Pais e Funcionários da Creche Central (Apef), Acauã Rodrigues, 44 dos 58 funcionários da creche decidiram, desde o início da greve, em 5 de maio, que iriam continuar trabalhando. Outros 14 funcionários decidiram entrar em greve, o que obrigou a creche a funcionar das 8h às 17h até a última sexta-feira (25). O horário normal é das 7h às 19h.

“Não somos contra a greve, mas estão usando as crianças como reféns do movimento. Poderiam ter ido a centros mais importantes”, disse Rodrigues, cujo filho de 5 anos frequenta a creche.

A mãe de uma criança de dois anos, que pediu para não ser identificada, disse que o marido, que é professor da USP, foi obrigado a faltar no trabalho, porque o casal não tem com quem deixar o filho. “Ele vai ser cobrado por isso depois”, afirmou.

A professora da Escola de Aplicação da USP Maíra Batistoni e Silva, de 30 anos, que tem um filho de 9 meses na creche, disse que depende da ajuda de familiares para cuidar do filho. “Tive que faltar no trabalho hoje e me atrasar ontem. Se essa situação continuar, terei de mudar meu filho de creche”, afirmou.

A direção do Sintusp afirmou que o sindicato não vê constrangimento das crianças e que a maioria dos funcionários da creche central aderiu à greve. "Constrangimento é deixar trabalhadores sem salário", disse o diretor do sindicato Aníbal Cavali.

Para o professor de direito do curso de gestão de políticas públicas Marcelo Nerling, que tem um filho de 5 anos na creche, o maior problema foi a omissão da reitoria da USP. "Ligamos à reitoria e o único sinal deles foi a Guarda Universitária olhando de longe e dizendo que só o reitor poderia intervir", afirmou.

Os pais também pediram a presença do Conselho Tutelar do Butantã no local, mas não conseguiram. "Disseram que não iriam por medo de sofrerem agressões", disse a mãe de uma das crianças.

Nerling afirma que as crianças foram constrangidas por não poderem entrar na creche e por terem sido expostas ao enfrentamento entre sindicalistas, funcionários e pais. "Dentro da maior universidade pública do país, houve a exposição das crianças e o constrangimento. Na USP, estamos percebendo que o que vale é a lei da força", afirmou.

Procurada por telefone, a assessoria de imprensa da reitoria da USP afirmou que a direção da universidade não iria se pronunciar sobre as colocações dos pais das crianças. O Conselho Tutelar do Butantã disse que não é responsabilidade do conselho garantir a abertura da creche.

Os funcionários da USP reivindicam aumento de 5%, além dos 6,57% concedidos aos servidores das universidades paulistas em maio. No início da greve, o valor reivindicado era de 6%. Os trabalhadores invadiram a reitoria da universidade em 8 de junho e permanecem no local. Uma reunião de negociação entre o sindicato e a reitoria da USP está marcada para a manhã desta quarta-feira (30).
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