No meio político, costuma-se ouvir que o bom candidato a vice é o que não atrapalha, que agrega votos e, se possível, que garanta alguns minutos na propaganda de rádio e TV por meio de uma coligação. Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) enfrentaram conflitos com aliados e resistências em seus próprios partidos durante o processo de escolha do candidato a vice na chapa. Cada um acabou encontrando uma saída.

Ainda que as preocupações eleitorais sejam as que predominam na escolha do vice, nunca é demais lembrar que ele sempre pode assumir a presidência. E, em alguns casos, por muito tempo.

Vices descartados
Em 1994, então integrante da chapa de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para a corrida presidencial, o senador Guilherme Palmeira (PFL, antecessor do DEM) viu-se envolvido em escândalo sobre emenda orçamentária superfaturada que favorecia empresa a que estava ligado.

Palmeira acabou descartado, sendo substituído pelo senador Marco Maciel, de seu partido, que se tornou um dos vice-presidentes mais discretos da história do Brasil.

Na mesma disputa, o hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula havia mantido como candidato a vice o então senador José Paulo Bisol (PSB), que já havia sido seu companheiro de chapa em 1989.

Acusações de que o senador teria proposto emendas ao Orçamento em benefício próprio inviabilizaram a candidatura, levando Lula a optar por uma solução caseira e emergencial: o então deputado Aloizio Mercadante.

Vices presidentes
Primeiro presidente civil eleito desde o golpe de 1964, virando a página do regime militar no país, Tancredo Neves não conseguiu tomar posse. Precisou passar por uma cirurgia de emergência na véspera e acabou falecendo pouco mais de um mês depois da data que assumiria o governo. Coube a José Sarney, seu vice, governar durante o mandato.

No governo seguinte, mais uma vez o vice teve papel de destaque. Em meio a contínuas denúncias de corrupção, Fernando Collor de Mello sofreu um processo de impeachment e renunciou à Presidência. Itamar Franco assumiu em seu lugar, garantiu as condições para o lançamento do Plano Real, que pôs fim à inflação crônica do país, e fez Fernando Henrique Cardoso seu sucessor.