O bairro da Glória, o primeiro criado na zona sul do Rio de Janeiro, é a área mais problemática para a conservação do patrimônio histórico. Populoso de dia, por causa da grande quantidade de escritórios, e vazio à noite, o bairro é palco da ação de pichadores, vândalos e moradores de rua, que usam até chafarizes como moradia. O alvo principal de ações de vandalismo é o chafariz da Gloria, construído em 1742, tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico Nacional). Semanalmente, a ouvidoria da Prefeitura do Rio recebe em média dez denúncias de dano ao patrimônio, que vão de pichação à depredação. A cidade tem, ao todo, 35 mil imóveis históricos.

Vera Dias, subgerente do setor de monumentos e chafarizes da Fundação Parques e Jardins, da prefeitura, diz que, neste ano, ao menos por três vezes o chafariz da Glória foi pichado. O R7 esteve no local e constatou uma nova pichação.

-Temos de insistir. Eles picham à noite e nós limpamos no dia seguinte. Isso sem contar o xixi na rua, as lâmpadas quebradas.

Além do chafariz, o relógio da Glória, de 1906, e a murada, construída em 1902, são alvos constantes de pichadores. O órgão, juntamente com o Iphan, tenta alternativas para evitar vandalismo, mas por enquanto, somente conseguem agir depois da depredação, com a limpeza do monumento.

Para limpar todos os monumentos da cidade, a fundação dispõe somente de R$ 680 mil por ano, segundo Vera. Caso a depredação seja um caso que só a limpeza não resolva, o órgão faz um levantamento de orçamento para consertar o dano, o que causa demoras.
- Se não houvesse vandalismo o dinheiro daria, mas não dá.

Vera criou o blog ashistoriasdosmonumentosdorio.blogspot.com onde fala sobre centenas de imóveis históricos do Rio desde janeiro. Ela diz acreditar que por meio da informação a população possa ter consciência e preservar o patrimônio, além de denunciar quando testemunhar problemas.

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