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Domingo, 21 de julho de 2024

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PESQUISA IPEA

Centro-oeste e Norte têm maior percentual de migrantes

O número de migrantes que trocam de Estados ou de regiões do pais caiu de 4 milhões de pessoas (3% da população) para 3,3 milhões (1,9% da população) entre 1995 e 2008. Embora mais de 60% dos migrantes encontram-se nas regiões Nordeste e Sudeste, quando se relacionam os fluxos à população residente, as regiões Norte (2,6%) e Centro Oeste (3,7%) apresentam as maiores proporções de migração. A conclusão faz parte do documento 61 divulgado hoje, em Brasília, pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA).


Os dados do documento qualificam o migrante em quatro diferentes anos: 1995, 2001, 2005 e 2008. As análises são feitas com base em dados do IBGE, que permitiram aos pesquisadores identificar como migrantes aqueles que mudaram de estado nos cinco anos anteriores a cada uma das datas usadas na pesquisa.

Em relação à escolaridade, nas regiões Sul e Centro-Oeste há uma seletividade em relação à distância de migração: os menos escolarizados preferem migrar dentro da própria região, enquanto a decisão de mudar de região fica relativamente mais restrita aos mais escolarizados. Já entre os migrantes das regiões Sudeste e Nordeste ocorre o oposto.

Quanto à qualidade do trabalho, os dados não permitem uma abordagem completa sobre o assunto, mas sugerem que a migração impacta as estruturas do mercado de trabalho. Uma primeira constatação é de que a informalidade tem caído sistematicamente em todo o território nacional, tanto entre os não migrantes quanto entre os migrantes. A exceção é o caso da região Norte entre 2001 e 2005, em razão da inclusão da área rural na Pnad (Pesquisa Nacional de Administração de Domicílios) de 2004, o que afetou tal trajetória.

Mato Grosso tem registrado redução do percentual de emigrantes em situação de informalidade no mercado de trabalho. A taxa passou de 64,1% em 1995 para 55,1% em 2008. Entre os trabalhadores informais, o Estado também passou a receber menos imigrantes. Foram 60,3% em 1995 contra 48,6%, em 2008.

A escolarização aumenta a probabilidade de migração, ou seja, o percentual de migrantes com pelo menos 12 anos de estudo é maior que o de não migrantes nessa situação. A idade da população é um fator que também influencia as decisões de migrar.

Em termos gerais, o levantamento do IPEA constatou que desde o começo da série até o ano de 2001, o fluxo do Nordeste para o Sudeste era maior que o fluxo inverso. Essa situação foi invertida nos sete primeiros anos da atual década e em 2008 o fluxo entre as duas regiões voltou a ser favorável ao Sudeste

Segundo o comunicado do IPEA, este fenômeno pode ser explicado pelo fato de os migrantes nordestinos já gozarem de melhor situação, em termos de formalização do trabalho, que a dos próprios trabalhadores não migrantes da região
Sudeste.

Sobre os fluxos migratórios, o estudo mostra que grande parte da migração não se dá de regiões mais pobres para outras mais ricas. A maior parte dos migrantes está nas regiões Nordeste e Sudeste, com valores próximos para imigrantes e emigrantes das duas regiões.

De acordo com o presidente do IPEA, Márcio Pochman, a idéia de que a migração significa pobreza é parcial e só se aplica de forma relativa e em casos precisos e contextualizados. Segundo ele, a migração se transformou em experiência social e deve ser considerada como deslocamento à procura de trabalho e renda.

“Migra-se de uma região para outra – ou internamente às regiões – com a intenção de melhoria das condições pessoais ou da família. Migra-se para atenuar as dificuldades vividas na origem, sejam ligadas ao baixo dinamismo das economias locais ou às vulnerabilidades e carências no sistema de proteção social”, avaliou.
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