Um dia depois do intenso tiroteio entre policiais militares e traficantes em São Conrado, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e da invasão ao Hotel Intercontinental, onde 35 pessoas foram feitas reféns, neste domingo (22) a rotina voltou ao normal nas ruas do bairro. Mas no caminho de ida e vinda da praia não é difícil escutar comentários sobre os momentos tensos da manhã de sábado (21).

E se o cotidiano voltou ao normal, algumas pessoas carregam as marcas da violência do dia anterior, como é o caso de um mecânico que se viu no meio do fogo cruzado e foi atingido no braço.

“Eu estava consertando um carro, que estava estacionado, quando por volta de 8h começaram os tiros. Eu procurei me proteger, mas uma bala atravessou meu braço”, conta o homem, que é nascido e criado na Favela da Rocinha, e prefere não se identificar. Nesta manhã, ele voltou para terminar o reparo que estava fazendo, e mostrou a bala que atingiu o carro dele, que estava estacionado na Avenida Aquarela do Brasil, local onde houve o pior confronto. "Eu nunca vi tanto tiro na vida", disse, aliviado por não ter sofrido nada mais grave.

O mecânico conta que saiu correndo e entrou dentro de um carro de um senhor, que passava pelo local, e abriu a porta para ajudá-lo. “Quando entrei, vi que ele estava sangrando. E ele me contou que tinha sido atingido de raspão na cabeça”, recorda. Ele diz que os dois conseguiram sair do local do confronto por uma rua transversal, e foram para o Hospital Miguel Couto, onde foram socorridos e liberados.