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Domingo, 21 de julho de 2024

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CDs dados por Mizael são achados pela perícia no carro de Mércia

Laudo relaciona Cds que Mizael gravou para Mércia e que estavam no carro da vítima (Divulgação)Entre os objetos que a perícia da Polícia Técnico-Científica de São Paulo encontrou no carro de Mércia Nakashima estão CDs com músicas que o ex-namorado da advogada, Mizael Bispo de Souza, gravou com dedicatória para ela. Um deles é o da pop star norte-americana Beyoncé. O outro é o da dupla sertaneja romântica Victor e Leo.


Nos discos, o advogado e policial militar aposentado escreve o nome dos artistas seguido de uma mensagem curta e seu sobrenome: “com carinho, Bispo”. As informações integram o laudo número 0453/10 feito pelo perito Renato Pattoli, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), sobre a “vistoria e local” do assassinato de Mércia, entregue na terça-feira (31) à Polícia Civil da capital paulista, ao Ministério Público e à Justiça de Guarulhos, na Grande São Paulo.

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Mizael é réu no processo no qual é acusado, juntamente com o vigia Evandro Bezerra Silva, de assassinar Mércia. Ambos negam o crime. Eles estão em liberdade.

Desaparecimento
Mércia desapareceu de Guarulhos, na Grande São Paulo, em 23 de maio. O veículo dela foi localizado submerso por bombeiros numa represa em Nazaré Paulista, no interior do estado, em 10 de junho. O corpo da advogada foi encontrado no mesmo local no dia seguinte.

“Fui eu mesmo quem escrevi as dedicatórias. Eu comprava CDs, e ela gostava. O CD da Beyoncé, ganhei de uma amiga. Aí ela [Mércia] ouviu, gostou e gravei para ela. O CD do Victor e Leo, gravei depois de irmos a um show em São Paulo. Foi neste ano”, disse Mizael, nesta sexta-feira (3), ao G1.

O CD com músicas de Victor e Leo encontrado no carro de Mércia ainda tem a frase “um dia seus pés” escrita por Mizael. O trecho faz parte da letra “Tem Que Ser Você”, cantada pela dupla sertaneja.

“Essa música me lembra quando estávamos [Mizael e Mércia] na Rio-Santos, chegando a Paraty [no Rio]. Ela aprendeu a gostar de sertanejo por minha causa. Até hoje escuto essa música e outras que ela gravou para mim, como as das duplas Bruno e Marrone e Fernando e Sorocaba. Tem outro CD, Batidão Sertanejo, que nós gostávamos muito também”, contou Mizael. "Sou inocente. Vou provar minha inocência."

O CD Batidão Sertanejo, aliás, encontrava-se parcialmente ejetado do aparelho de CD do carro de Mércia, segundo o laudo.

Em entrevista ao G1, Renato Pattoli, perito do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e responsável pelo laudo sobre a dinâmica do crime, afirmou que a advogada foi atingida por dois disparos a menos de 20 centímetros de distância quando tentava se defender.

“A curta distância dos disparos efetuados contra a vítima demonstra que quem atirou nela só pensava em uma coisa naquele momento: matá-la”, disse Pattoli. “Não foram tiros acidentais”.

Segundo o promotor Rodrigo Merli Antunes, o primeiro disparo atingiu e arrancou os dedos da mão direita de Mércia, que estava no banco do motorista do seu próprio carro. O projétil foi encontrado no porta-malas do veículo. O segundo tiro transfixou o braço esquerdo dela e acertou o queixo. A bala foi achada no assoalho. Em seguida, a vítima desmaiou. O automóvel foi desengatado pelo assassino, que estava no banco do carona, e acabou empurrado em direção à água, disse. A mulher não sabia nadar e morreu afogada, segundo laudo do Instituto Médico Legal (IML).

“Acredito que Mércia tentou se defender dos disparos, primeiro com a mão direita e depois com o braço esquerdo”, afirmou o promotor Merli Antunes. A arma utilizada no crime é de calibre 38, mas até agora não foi encontrada.

Vigia não aparece em laudo
Mizael e o vigia Evandro Bezerra Silva são réus no processo que apura o assassinato de Mércia. Segundo o Ministério Público, o vigilante ajudou o ex da advogada a fugir da cena do crime. A suspeita se deve às ligações telefônicas trocadas entre os dois, de acordo com a investigação policial.

Um pescador chegou a dizer à polícia ter visto o automóvel dela afundar e um homem não identificado sair do veículo em 23 de maio. Além disso, afirmou ter escutado gritos de mulher.

Para o Ministério Público, Mizael matou a ex por ciúmes porque não aceitava o fim do relacionamento. Evandro é acusado de auxiliá-lo na fuga lhe dando carona. O vigia, que chegou a acusar o patrão à polícia e dizer que o ajudou a fugir, voltou atrás e falou que mentiu e confessou um crime do qual não participou porque foi torturado.

Apesar disso, diferentemente de Mizael, que é citado no laudo sobre a dinâmica do crime, o nome de Evandro não aparece em nenhuma das páginas do documento. Questionado, Pattoli informou que o vigilante irá aparecer em outro laudo que ele está produzindo a respeito da localização das antenas de telefonia. “As Estações de Rádio Base [Erbs] vão mostrar que os réus conversaram perto do dia do crime”, disse o perito, que pretende entregar a conclusão do laudo na próxima semana.

Mizael, apontado como o mentor e executor do crime, é acusado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e dificultar a defesa da vítima). Evandro também foi acusado pelo assassinato, mas com duas qualificadoras (meio cruel e dificultar a defesa da vítima), sendo citado pelo promotor como "partícipe".

Ex e vigia estão livres provisoriamente graças a uma liminar concedida por uma desembargadora do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). O mérito do habeas corpus ainda será julgado pela relatora Angélica de Almeida e mais outros dois desembargadores.

Audiência
No dia 18 de outubro, ocorrerá a primeira audiência do caso Mércia no Fórum de Guarulhos. Serão ouvidas as testemunhas da acusação e da defesa, bem como os réus. Essa etapa é chamada de fase de instrução e antecede a de um eventual julgamento. O juiz dirá se vai pronunciar os réus, ou seja, levá-los a júri popular e marcar a data do julgamento, ou se irá optar pela impronúncia, desclassificação da ação ou absolvição sumária dos acusados
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