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Domingo, 21 de julho de 2024

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Filme chileno sobre golpe militar de 1973 é aplaudido em Veneza

O cineasta chileno Pablo Larraín convenceu neste domingo na Mostra de Veneza com o filme "Post Mortem", uma "autópsia" dos chilenos após o golpe militar de 1973, com imagens impactantes do corpo do presidente derrubado Salvador Allende.

O longa metragem, que arrancou aplausos e elogios de vários críticos, está entre os 24 candidatos ao Leão de Ouro em Veneza, por sua linguagem inovadora e experimental.

O corpo do socialista Allende estendido sobre uma maca do necrotério de Santiago enquanto o médico se prepara para dissecar seu cadáver diante de uma fila de militares, leva o espectador para um dos momentos mais dramáticos da história da América Latina e obriga os protagonistas a tomarem uma posição frente ao regime de terror que está sendo imposto.

"Allende é um personagem essencial da história do mundo. Seu nome, condição e categoria humana são universais. Não me pareceu necessário pedir autorização para usar sua imagem, embora tenhamos muito respeito por sua figura e por sua família", disse à AFP em Veneza o diretor chileno.

"É a primeira vez que o corpo de Allende é visto nessa dimensão, com o crâneo arrebentado. É provável que isso gere polêmicas no Chile, mesmo tendo sido feito com muito respeito", reconhece o ator Alfredo Casto, que vive o obscuro funcionário do necrotério que redige o relatório militar.

"A autópsia de Allende é a autópsia do Chile", disse Larraín, nascido em 1976, anos depois do golpe, que aborda o tema da ditadura militar com um olhar muito pessoal, íntimo, ao tentar captar "esse espaço ambíguo dos vivos e dos mortos".

A transformação -de obscuro funcionário para colaborador dos militares- de Mario Cornejo (Alfredo Casto), um homem só que está apaixonado secretamente por sua vizinha (Antonia Zegers), dançarina de cabaré com um pai comunista, é narrada com imagens desoladoras, em lugares pobres e sombrios.

Ambientado nos primeiros dias do sangrento golpe de Estado do general Augusto Pinochet, lembra a morte de centenas de opositores, cujos corpos ficavam amontoados no necrotério da capital.

O longa-metragem do diretor chileno é o único filme latino-americano em competição no festival.

Para um dos críticos do jornal italiano Il Manifesto, Roberto Silvestri, o filme tem "uma força considerável, por sua linguagem, que fala com o espectador de forma humana e não de cima para baixo", comentou à AFP.

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