Olhar Direto

Quarta-feira, 24 de julho de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Luz piora crises de enxaqueca em até 40% dos casos

Pesquisa divulgada pela Sociedade Brasileira de Cefaleia revela, também, que deficientes visuais são mais sensíveis a outros estímulos externos


A exposição prolongada ao barulho e a luz intensos, em especial a luz do sol foi relatado como desencadeador de crises de enxaqueca em 30% a 40% dos casos, segundo estudo coordenado pelo neurologista Dr. Elcio Juliato Piovesan , da Sociedade Brasileira de Cefaleia.

Pacientes com enxaqueca apresentam uma maior suscetibilidade a estímulos externos. No período entre as crises ou durante, esse perfil de paciente é mais suscetível a luminosidade. De acordo com o Dr. Piovesan, isso acontece porque os pacientes com enxaqueca apresentam um estado de sensibilidade maior. "A luz é um estímulo externo que acentua esta hipersensibilidade que o paciente apresenta e a região do cérebro que é mais sensível a estas alterações é o lobo occipital - responsável por processar os estímulos visuais", explica.

Algumas doenças no olho que levam a cegueira, principalmente o glaucoma agudo, estão associadas a dores na cabeça ou no olho, mas as características clínicas dessa dor diferem de enxaqueca. "As cefaleias causadas por erros de refração visual (problemas de visão) causam cefaleias secundárias que são muito diferentes das cefaléias primárias como é o caso da enxaqueca". Ainda segundo o neurologista, o que pode acontecer é que um paciente com enxaqueca que apresentar um problema visual pode ser mais difícil controlar as crises de enxaqueca. "Muito facilmente quando corrigimos os erros visuais o paciente melhora a própria enxaqueca", complementa.

Existem algumas formas de prevenir a fotofobia (aversão a luz). Medicamentos que aumentam a resistência do lobo occipital devem ser as medidas mais adequadas e, em casos agudos, a limitação a exposição a luz auxiliam no tratamento.

Deficientes visuais

O estudo investigou a relação da enxaqueca e o estimulo visual luminoso em pessoas com ausência total e com ausência parcial de visão. O que pode ser observado é que a prevalência de enxaqueca não foi influenciada pela perda total ou parcial da visão. Em média, os pacientes entrevistados têm quase 28 horas de enxaqueca por mês e 96% delas são moderadas ou severas.

Uma das causas de agravamento da dor é a fonofobia - sensibilidade ou aversão ao barulho. Retratada por uma alta taxa de pacientes cegos, para 96,6% deles o barulho agrava a crise de enxaqueca. No entanto, pacientes não completamente cegos indicam a fotofobia - a aversão a luz - como causa de agravamento da dor.

Em pessoas com deficiência visual a região do córtex occipital, responsável por absorver o estímulo visual, perde essa função, mas não fica inativa. Essa área passa a colaborar com a recepção de estímulos táteis e auditivos, por exemplo. Para Dr. Piovesan, o estudo demonstra que o cérebro é um sistema extremamente dinâmico e que as várias formas de sensibilidade interagem entre si para que o paciente consiga manter o máximo de contato com o meio externo. "Quando nós perdemos a visão esta região do cérebro passa a exercer outras funções para deixar o cérebro mais sensível a outras formas de sensibilidade como é o caso do tato, do olfato e da audição. Isto nos mostrou porque os pacientes que apresentam enxaqueca podem piorar as suas dores de cabeça com os diferentes tipos de estímulos (visuais - fotofobia; auditivos-fonofobia; odores-osmofobia; tato-alodinia).

O comportamento de um paciente cego durante uma crise é diferente de pacientes com visão subnormal ou normal. Segundo a pesquisa, pacientes com deficiência visual apresentam maior intensidade de dor durante a crise, no entanto, as causas ainda não foram descobertas.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
Sitevip Internet