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Domingo, 21 de julho de 2024

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I-Motion e Dualogic: confortavelmente acessíveis

Veículos com câmbio automatizado são a primeira opção para quem deseja aposentar a perna esquerda na hora de dirigir. Por cerca de R$ 2.500, o componente custa aproximadamente metade do preço de uma caixa de marchas automática, realiza basicamente as mesmas funções e, o mais importante, é disponibilizado para compactos. Com a chegada desta tecnologia ao mercado, o consumidor deixou de ser obrigado a comprar um automóvel de porte e valor maiores para obter seu merecido conforto.


Entre os compactos mais vendidos que oferecem a tecnologia destacam-se o Palio Dualogic e o VW Gol I-Motion, que receberam novidades recentemente. De um lado, a marca italiana passou a utilizar seu novo motor 1.6 16V E.torQ no Palio, além de ter reduzido seu preço de R$ 40.730 para R$ 39.230. Do outro, a empresa alemã respondeu à concorrente com o reajuste do preço do Gol 1.6 automatizado, que agora custa a partir de R$ 35.240 – Valor R$ 1.920 inferior do que o cobrado anteriormente. Munidas das alterações, as duas marcas prometem esquentar a disputa no segmento. E quem sai ganhando é você, consumidor.

Semelhanças e diferenças

A diferença de R$ 3.990 a favor do VW chega a impressionar em um primeiro momento, mas o modelo da Fiat oferece uma lista de itens de série mais extensa, com direção hidráulica, limpador e desembaçador do vidro traseiro, faróis de neblina e coluna da direção com regulagem de altura. Equipado com os mesmos componentes e mais vidros elétricos nas portas dianteiras (uma vez que os opcionais são vendidos em pacotes na VW), o Gol custa R$ 39.360, R$ 130 mais caro.

Se adicionarmos ar-condicionado aos modelos, o Gol custará R$ 42.900, enquanto o Palio sai por R$ 42.130. Munido de todos os opcionais, o modelo da VW custa R$ 49.700, enquanto o Fiat sai por R$ 50.464, sendo que o Gol oferece a mais itens como sensor de estacionamento, volante com controles do rádio e borboletas para troca de marchas.

Os volumes dos porta-malas dos hatches são equivalentes, tendo o compartimento do VW 285 litros e o do Palio 290 litros. A disputa entre os dois permanece acirrada no interior, uma vez que o Gol possui maior largura entre portas e área livre para cabeça nos assentos dianteiros, enquanto o Palio revida com bancos com dimensões superiores tanto na dianteira quanto na traseira, proporcionando melhor acomodação para os passageiros.

Quando o assunto é acabamento interno, entretanto, o hatch da VW toma a dianteira. Sendo um ano mais novo que o Palio, que chegou ao mercado em 2007, o Gol possui habitáculo mais bem tratado que o de seu concorrente, cujas linhas já estão envelhecendo.O interior do modelo da Volks possui menos rebarbas e menor espaço entre as peças, passando para os ocupantes a sensação de estar em um veículo de nível superior.

Mas a principal discrepância entre os hatches surge na hora de trafegar, quando se faz valer o comportamento de cada um. Enquanto a suspensão do Palio possui ajuste para oferecer o máximo de maciez e conforto aos seus ocupantes, o Gol conta com acerto que lhe permite bom nível de conforto sem, todavia, perder a firmeza em manobras mais ariscas.

Temperamentos distintos

As caixas automatizadas dos dois hatches funcionam bem no trânsito do dia a dia, situação em que desempenho e retomadas fortes normalmente não são necessários. Ambos também oferecem os mesmos recursos de condução: modo automático, manual e sport (que permite esticar as marchas e realizar trocas mais rápidas). Com o pé leve no acelerador, as trocas de marcha dos dois concorrentes são praticamente imperceptíveis. Todavia, o Dualogic demonstrou maiores limitações em termos de conforto que o I-Motion por dois motivos.

O primeiro é a programação do câmbio, que em diversos momentos estica as marchas mesmo que não haja necessidade e o motorista tente avisar (com uma leve e rápida aliviada do pé do acelerador) ao câmbio de que a próxima marcha pode ser engrenada. Esse comportamento torna-se incômodo por conta do maior nível de ruído e do comportamento mais agressivo, uma vez que o giro fica elevado. No caso do VW, as trocas são feitas em giro mais baixo caso o pé no acelerador não indique pressa, embora o sistema não se intimide em realizar uma ou duas reduções quando o pedal da direta é pressionado com mais força.

O segundo fator que torna a convivência com o Dualogic menos agradável é a própria suspensão do Palio. Como sua maciez é elevada, a carroceria oscila mais entre o eixo traseiro e o dianteiro em algumas trocas de marcha em médio giro, causando incômodo para os ocupantes. Essa característica é mais amena no Gol.

Pista de testes

O motor 1.6 16V proveniente da FPT Powertrain Technologies fez bem à disposição do Palio. Mesmo pesando 1.037 kg, 66 kg a mais que seu concorrente, o hatch da Fiat gera 117 cavalos de potência e 16,8 kgfm de torque com etanol, enquanto o modelo da VW produz 104 cv e 15,4 kgfm de força com o mesmo combustível. Esta diferença foi visível na pista de testes, onde o representante italiano venceu todas as provas de aceleração e retomadas.

O Palio Dualogic necessitou de 11s6 para acelerar de 0 a 100 km/h, enquanto o Gol I-Motion levou 12s0 para completar a prova. Nas retomadas de 60 a 120 km/h e 80 km/h a 120 km/h, o automatizado da Fiat registrou 11s8 e 8s7, respectivamente, ao passo que o I-Motion consumiu 13s9 e 10s7. Na retomada de 40 km/h a 100 km/h houve um empate, tendo o Gol atingido a meta em 10s0 e o Palio, após 9s9.

Já no teste de frenagem o modelo da Volkswagen dá o troco e estanca após percorrer 39,5 m vindo a 100 km/h, enquanto o modelo da Fiat necessitou de 43,2 m até atingir a imobilidade. Na avaliação de fadiga dos freios, em que o veículo é carregado com 200 kg de lastro e freado por dez vezes consecutivas de 100 km/h a 0, de modo a testar a resistência do sistema, o Gol apresentou 3,4 metros de variação entre a melhor e a pior frenagem, enquanto o Palio registrou a marca de 4,2 metros.

Mais do que parar em espaço consideravelmente menor, o Gol passa maior sensação de segurança na hora de uma frenagem de emergência, uma vez que sua dianteira não “mergulha” e a traseira não fica demasiadamente leve, como ocorre no Palio. Tal comportamento pode aumentar a distância de frenagem se o veículo não possuir sistema de freios ABS, presente nos modelos cedidos para o teste.

Bolso

Com melhor rendimento do que o 1.6 VHT Total Flex, o E.torQ acabou cobrando um preço maior na hora de reabastecer. Utilizando etanol em ciclo urbano, o Palio realizou média de 7,2 km/l, enquanto o Gol percorreu 7,6 km/l. Nas medições de ciclo rodoviário a diferença diminui: 11,9 km/l para o Fiat e 12 km/l para o VW.

No pacote de peças que reúne jogo de pastilhas dianteiro, amortecedores dianteiros, velas de ignição, filtro de ar, filtro de combustível, pára-lama do lado esquerdo, retrovisor, kit de embreagem e atuador da embreagem, a vantagem também recai para o modelo da VW, cujas peças saem por R$ 1.966. Já as concessionárias da Fiat cobram R$ 2.077,33 pelo mesmo material do Palio.

Na hora de fazer o seguro, o Fiat, com apólices na média de R$ 2.700, acaba oferecendo custo/benefício superior. O Gol, em nossas cotações, ficou em torno dos R$ 3.200 anuais.

Conclusão

A disputa entre os hatches é equilibrada. Se por um lado o Palio oferece maior conforto em ruas mal pavimentadas, desempenho superior e seguro mais acessível, o Gol responde com câmbio mais bem acertado, melhor comportamento dinâmico e sistema de freios, consumo de combustível ligeiramente inferior e interior com melhor acabamento.

O motor mais moderno do Palio é bom, mas no conjunto geral a opção mais equilibrada acaba sendo o Gol, que oferece o melhor conjunto deste embate.
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