Olhar Direto

Terça-feira, 23 de julho de 2024

Notícias | Brasil

“Por três vezes, achei que ia morrer”, diz jornalista brasileiro sobre conflitos no Egito

Os repórteres da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), Gilvan Rocha e Corban Costa, reencontraram suas famílias neste sábado (5), em Brasília, após terem sido presos, vendados e expulsos do Egito, em uma viagem que durou 27 horas.


Gilvan e Corban, repórter cinematográfico da TV Brasil e repórter da Rádio Nacional, respectivamente, foram ao país para cobrir a onda de protestos da população contra o governo de Hosni Moubarak, mas acabaram detidos pela polícia.

Corban foi o primeiro a sair da área de desembarque do Aeroporto Juscelino Kubitschek, pouco depois das 14h. Emocionado, ele deu um abraço forte nas duas filhas, Daniela e Isabela, e nas irmãs Mariângela e Rosana. Corban disse que pensou ao menos três vezes que iria morrer durante a viagem.

- A primeira foi quando fomos vendados, a segunda quando nos levaram para um local, ainda vendados, e senti areia nos meus pés. Achei que seríamos enterrados ali mesmo. A terceira foi quando estávamos presos em uma sala, já sem venda, e um policial fez um movimento brusco com a arma. Nesses momentos eu só pensava nas minhas filhas.

Apenas a filha mais velha do repórter, Daniela, sabia que o pai iria para o Egito, e não para o Senegal, como ele disse para o resto da família.

- Eu era a única que sabia que ele estava no Egito. Ele falou comigo após desembarcar no Cairo, mas depois disso ficou 18 horas sem dar notícias. Esse período foi desesperador.

Poucos minutos depois do desembarque de Corban, o cinegrafista Gilvan Rocha também reencontrou a mulher Edna, com quem é casado há apenas seis meses.

- Sentimos muito medo, mas depois avaliamos que a nossa situação não foi tão complicada. Outros colegas jornalistas que estão lá sofreram mais do que nós, como os franceses.

Prisão

Logo ao chegar ao Cairo, no trajeto entre o aeroporto e o hotel, o táxi com os jornalistas da EBC foi parado em uma barreira policial. Eles foram levados a uma delegacia com os olhos vendados e tiveram os passaportes e os equipamentos (câmera filmadora, notebook e celulares) apreendidos.

Corban e Gilvan ficaram 18 horas sem água, presos em uma sala sem janelas e com apenas duas cadeiras e uma mesa, em uma delegacia da capital egípcia. Para serem liberados, os repórteres foram obrigados a assinar um depoimento em árabe, no qual, segundo a tradução do policial, ambos confirmavam a disposição de deixar imediatamente o Egito rumo ao Brasil.

No caminho da delegacia para o aeroporto do Cairo, Corban disse ter observado a tensão nas ruas e a movimentação intensa de manifestantes e veículos militares nos principais locais da cidade. Segundo ele, todos os automóveis são parados em fiscalizações policiais e os documentos dos passageiros, revistados. Os estrangeiros são obrigados a prestar esclarecimentos. Ainda de acordo com o repórter, o taxista sugeriu que ele omitisse a informação de que era jornalista.

Há 12 dias, o Egito vive momentos de tensão por causa da onda de protestos contra a permanência de Hosni Mubarak na Presidência do país. A situação se agravou nos últimos dias, depois que manifestantes pró e contra o governo se enfrentaram nas ruas das principais cidades egípcias.

Segundo a agência de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), os conflitos no Egito já mataram 300 pessoas e feriram 4.000.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
Sitevip Internet