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Terça-feira, 23 de julho de 2024

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RJ: operação teve abuso de poder, diz associação de delegados

O presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Rio de Janeiro (Adepol), Wladimir Reale, afirmou que houve abuso de poder durante a chamada Operação Guilhotina, deflagrada pela Polícia Federal do Rio, que prendeu, nesta sexta-feira, 30 pessoas, entre eles 16 policiais militares e seis civis. Ao todo, 32 policiais são suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas, milícias e jogos, entre outros crimes.


Em nota oficial, Reale protestou "veementemente" contra o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, pela forma como a ação está sendo conduzida. Para ele, houve "claro abuso de poder, usado de forma pirotécnica, tratando-se policiais de forma indigna".

O presidente da Adepol do Rio criticou também "o método espetaculoso da operação", que, segundo ele, teve mobilização excessiva de agentes, invasão de delegacias, revistas infrutíferas e prisões ilegais de policiais.

Reale disse através da nota que a operação deveria ser realizada com base no processo legal e direito de defesa, "e não de uma forma arbitrária, humilhando policiais e manchando a imagem da instituição".

Procurada pelo Terra, a assessoria da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro afirmou que não vai se pronunciar sobre as declarações feitas pelo presidente da Adepol.

Operação Guilhotina mobiliza 580 homens
A Operação Guilhotina, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta sexta-feira, contou com o apoio de 200 agentes da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) e do Ministério Público Estadual (MPRJ). O objetivo é cumprir 45 mandados de prisão preventiva - sendo 11 contra policiais civis e 21 contra policiais militares -, e 48 mandados de busca e apreensão. Até o momento, 28 pessoas foram presas, sendo 16 PMs e seis civis.

Cerca de 380 homens da PF participam da ação, que ainda investiga a ligação dos policiais com venda de armas e informações e o chamado "espólio de guerra", que é a subtração de produtos de crime encontrados em operações policiais, como ocorrido na recente ocupação do Complexo do Alemão. Os agentes contam com o apoio de lanchas e helicópteros na operação.

As investigações iniciaram a partir do vazamento de informações numa operação conduzida pela PF em 2009, que tinha como principal objetivo prender o traficante Rupinol, que atuava na favela da Rocinha junto a Nem, apontado como o chefe do tráfico na comunidade. De acordo com a Polícia, um grupo de policiais é suspeito de receber até R$ 100 mil por mês para proteger Nem e o avisar sobre operações no local.

A partir daí, duas investigações paralelas foram iniciadas, uma da Corregedoria Geral Unificada da SSP e outra da Superintendência da PF. A troca de informações entre os serviços de inteligência das duas instituições deu origem ao trabalho conjunto desta manhã.

Entre os procurados pela operação, está o delegado Carlos Antônio Luiz Oliveira, ex-subchefe da Polícia Civil. Ele é considerado foragido da Polícia Civil, uma vez que policiais federais chegaram nesta manhã com um mandado de prisão à sua casa em Campo Grande, zona oeste da cidade, e não o encontraram.

Na manhã desta sexta-feira, as 17ª e 22ª Delegacias de Polícia (DPs) ficaram momentaneamente fechadas para que policiais pudessem cumprir os mandados de busca e apreensão nas distritais.

A delegada Márcia Beck - titular da 22ª DP e que já havia trabalhado na DP de São Cristóvão - foi detida. O delegado Ângelo Fernando Gióia, superintendente da PF, disse que durante os trabalhos dos agentes a delegada "exerceu uma conduta que as autoridades entenderam por bem levá-la para prestar esclarecimentos", até mesmo por ela ser a responsável por aquela distrital.
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