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Terça-feira, 23 de julho de 2024

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Após UPPs, novo foco é combater desvio de conduta, diz Beltrame

Depois do projeto da instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) no Rio de Janeiro já apresentar resultados, um novo desafio está na mira da Secretaria de Segurança Pública: o combate ao desvio de conduta dentro da polícia. Na tarde deste sábado (12), o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou que essa será uma das grandes prioridades no ano de 2011.


“Nós precisávamos mostrar para a população um plano de segurança pública. Seja para as áreas conflagradas - que seriam favelas -, que foram as UPPs, e seja para, como a gente diz, usando uma linguagem mais pedagógica, o asfalto, que foram as regiões integradas, o plano de metas e o pagamento por meta de índice de criminalidade que tenha sido reduzida. Fazer diagnóstico, planejar isso, buscar logística e implantar se passaram aí dois anos e agora estamos colhendo os frutos que isso funcionou. Isso são desafios passados, isso já ficou para trás. Eu preciso avançar para outros desafios. Esses outros quatro anos são outras coisas, são coisas novas. O que ficou para trás caminha por si só e entre esse desafio eu preciso me estruturar para, por exemplo, assuntos internos e desvio de conduta”, afirmou Beltrame.

Na sexta-feira (11), uma megaoperação da Polícia Federal - que investiga o envolvimento de policiais com traficantes, milícias e a máfia dos caça-níqueis - prendeu 37 pessoas, sendo 29 policiais (20 PMs e 9 policiais civis).

“Eu não crio outra polícia, não crio uma polícia prestadora de serviço, que é o que a gente quer, sem cortar a nossa carne, sem mostrar as vísceras desta instituição. É triste, é triste, mas não adianta, não tem outro caminho, é um caminho sem volta”, disse o secretário.

Triângulo de combate
De acordo com Beltrame, a operação não foi comandada pela Corregedoria Geral Unificada (CGU) porque o órgão não era autorizado a instaurar inquéritos. Entretanto, o secretário afirmou que na última semana foi assinada uma resolução para que a CGU possa pedir quebras de sigilos, como telefônico, bancário ou patrimonial.

Além disso, Beltrame afirmou que também é necessário um local onde esses inquéritos possam ficar garantidos por um cartório. Para isso, o ele disse que levou a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO) para dentro da secretaria. “Essas três coisas (DRACO, CGU e setor de inteligência) ligadas ao secretário eu tenho uma expectativa que se avance muito”, disse ele.

Para o secretário, a expectativa é de que essa operação de combate a policiais corruptos tenha desdobramentos. “Vindo esse material dessa operação, a nossa CGU vai compartimentar tudo isso e vai analisar conduta por conduta. A partir daí, nós entendemos que teremos uma série de outros desdobramentos”, afirmou Beltrame.

Operação do Alemão X Operação Guilhotina
O secretário disse que não descarta a hipótese de que os policiais presos na sexta-feira tenham tido algum tipo de envolvimento com a fuga dos traficantes do Conjunto de Favelas do Alemão. “Se esses caras agiram dessa forma, como os áudios comprovam, se eles foram capazes de fazer essa ação asquerosa, eu não descarto que isso tenha acontecido. Mas não há provas nesse sentido”, disse.

Segundo o secretário, os órgãos envolvidos na operação da PF já sabiam sobre corrupção de policias quando se iniciou a ocupação do Alemão. “Naquele momento em que estávamos consagrando o território do Alemão nós sabíamos também o que estava acontecendo. Nós tivemos que consagrar o Alemão, nos manter firmes na investigação, sabendo que essas pessoas já estavam praticamente condenadas, mas nos mantivemos firmes, mantendo os caras investigados”, concluiu.

Delegado transferido
Um dos alvos na megaoperação da Secretaria Estadual de Segurança Pública e da Polícia Federal, o delegado Carlos Oliveira foi transferido da sede da PF, no Centro do Rio, para o presídio Bangu 8, no complexo penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste, na noite de sexta-feira (11). Os advogados não falaram com a imprensa.

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Após operação, Beltrame reitera confiança em chefe da Polícia Civil Chefe de polícia do RJ é chamado para prestar esclarecimentos em ação PF faz megaoperação para prender policiais com ligação ao tráfico e jogo PMs são presos no Rio suspeitos de venderem drogas, diz delegado O delegado se entregou à tarde na sede da Polícia Federal, onde prestou depoimento no começo da noite. Oliveira já ocupou o cargo de subchefe operacional da Polícia Civil e, há pouco mais de um mês, havia assumido a subsecretaria de Operações da Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop).

Em nota oficial, a prefeitura do Rio anunciou, na manhã de sexta-feira, que iria exonerar Carlos Oliveira. "Ele já tinha saído da polícia. A situação dele está posta e está muito ruim. O que mais interessou foi saber quem estava fazendo. Se vendeu um ou 10 fuzis, a gravidade é a mesma", disse nesta manhã o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame.

O chefe de Polícia Civil do Rio, Alan Turnowski, chamou o delegado Carlos Oliveira de "traidor", depois de prestar esclarecimentos sobre as investigações na Polícia Federal nesta manhã. De acordo com a Secretaria, a ação foi comandada pelo órgão e Turnowski pode ajudar nos trabalhos. Em entrevista na sexta-feira (11), Beltrame reiterou a confiança em Alan Turnowski.

Primo de Marcinho VP
Um dos policiais militares presos durante a megaoperação é primo do traficante Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, que é chefe da facção criminosa que teria orquestrado os ataques no Rio em novembro do ano passado e cumpre pena no presídio de segurança máxima de Porto Velho, em Rondônia. Segundo informações da Polícia Federal, o primo de Marcinho VP é terceiro-sargento e estaria cedido à Delegacia de Combate às Drogas (Dcod).

Informantes e escutas
Para chegar aos suspeitos, a polícia contou com a ajuda de informantes, escutas telefônicas, fotografias e filmagens. A ação conta com 580 agentes que visvam cumprir também 48 mandados de busca e apreensão, em bingos, residências e estabelecimentos comerciais. Com lanchas, agentes também fizeram buscas na Baía de Guanabara atrás de corpos de possíveis vítimas de milícias.

"O objetivo primário da operação é alcançar policiais que vazam informações a grupos de criminosos. Em 2009, uma operação tinha objetivo de prender um dos líderes da Rocinha. A operação vazou e o vazamento foi investigado. A partir de uma prisão, a PF conseguiu avançar na investigação o que gerou a Operação Guilhotina", explicou o superintendente da PF, Angelo Fernando Gioia, em entrevista coletiva na sede da PF nesta manhã.

Investigações
Segundo a Secretaria, a ação teve início em 2009, quando agentes tentavam prender o traficante Roupinol, comparsa do traficante Nem, na Rocinha. Na ocasião, policiais do estado do Rio atuaram junto com agentes da Polícia Federal de Macaé, no Norte Fluminense, depois de um vazamento de informações.

Com três testemunhas e um farto material, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, chegou a ir a Brasília pedir à chefia da Polícia Federal que fosse feita uma parceria entre as forças de segurança, já que a PF também havia participado da operação conjunta há quase 2 anos e seguia investigando o grupo.
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