Depois da expectativa de sediar os jogos da Copa do Mundo de 2014, os cuiabanos hoje têm outra preocupação: a boa gestão dos recursos públicos para a conclusão das obras de infraestrutura e mobilidade urbana de modo que a capital tenha condições de receber grande demanda de turistas daqui a praticamente três anos.

É com esse espírito de esperança e ao mesmo tempo de insegurança que muitos cidadãos que aqui vivem celebram os 292 anos de fundação do município, em 1719, pelo bandeirante paulistano Paschoal Moreira Cabral.

A preocupação maior se dá pela corrida contra o tempo para dar conta do “recado” até o início de 2014, sob pena de o poder público ser taxado de incompetente em nível nacional e, com isso, perder a representatividade adquirida nos últimos 10 anos.

Para a professora de Química da rede pública de ensino Graciela Oliveira pelo que se vê o Estado, por meio da Agência Estadual de Execução dos Projetos da Copa do Pantanal (Agecopa), vai “maquiar” a cidade apenas para a realização dos jogos e não deve deixar nenhum legado à sociedade.

- Acredito que Cuiabá ficará totalmente aquém do prometido e anunciado. Já se passaram meses desde a oficialização da cidade como umas das sedes secundárias e não só as obras específicas estão significativamente atrasadas, como os problemas gerais têm se agravado. Mas, é claro que na última hora, clássico jeitinho brasileiro, a cidade será "maquiada" para receber os visitantes e os problemas reaparecerão após o evento. Ou seja, quem sairá prejudicada mais uma vez será a população cuiabana.

Já a advogada Cássia Pantaroto acredita que, se o Estado não conseguir executar os projetos até determinando período antes dos jogos, o governo federal e a Federação Internacional de Futebol (Fifa) deverão intervir, evitando que não só Mato Grosso, mas o Brasil seja penalizado.

- Eu acredito que não haverá problemas. O mesmo aconteceu na África do Sul e no último momento deu tudo certo. Eu acho que se não resolverem o problema do atraso, o governo federal vai intervir, pois é mais fácil consertar o problema da corrupção nas licitações do que retirar a Copa de nós.

Mário Lúcio, ex-deputado estadual, ex-vereador, integrante de várias entidades em defesa dos direitos dos deficientes físicos e atual secretário de Assistência Social de Cuiabá, por sua vez, avalia que um dos problemas está na formação da Agecopa, sem que nenhuma entidade social fosse representada com uma diretoria da instituição.

- A Agecopa deveria ser composta também por representantes de segmentos sociais. Tem pessoas que estão lá (Agecopa) que não tem a confiança popular, mas acredito que recursos têm e a demora se dá pelos cuidados com a realização das licitações. Mas não adianta ter cidade bonita se os turistas não forem bem atendidos.