Em um texto publicado na tarde desta sexta-feira (24) no site oficial da banda Biquíni Cavadão, o cantor Bruno Gouveia relatou o momento em que foi comunicado da morte de sua ex-mulher e de seu filho de 2 anos em um acidente de helicóptero no último final de semana e fez um desabafo sobre como tem passado os últimos dias.
"Ao enterrá-los, veio então a difícil tarefa de voltar pra casa e ver seus brinquedos, roupas, abrir a mala e ver tudo que comprei para ele. A palavra para definir o sentimento desde então é DOR. Não uma dor latente, insistente ou aguda. É uma dor que te assalta, te maltrata e te exaspera", descreveu o músico, que revelou que estava nos Estados Unidos quando o helicóptero que levava sua ex-mulher, Fernanda Kfuri, 35 anos, e seu filho, Gabriel Kfuri Gouveia, 2 anos, de Porto Seguro a Trancoso, na Bahia, caiu. As outras cinco pessoas que estavam a bordo da aeronave também morreram.
No texto, Bruno conta que havia acabado de chegar a Nova York, onde passaria três dias compondo faixas para o novo disco, quando um colega da banda o avisou de que seria necessário voltar ao Brasil para "fazer um show muito importante". Durante todo o trajeto até o aeroporto e de lá até o Rio de Janeiro, o cantor teria sido isolado por amigos - que já sabiam da notícia - para que só soubesse do ocorrido quando estivesse enfim no país.
"Ao chegar, fui recepcionado por uma delegação que cuidou de acelerar os trâmites com imigração e alfândega (...) Pensava apenas 'Nossa, este show deve ser importante mesmo!'. Para evitar sair pela porta principal, onde jornalistas nos aguardavam, me fizeram passar por trás, saindo pelo desembarque doméstico, onde fui recebido pelo meu produtor", lembra. Ao encontrar os familiares, pressentiu a má notícia, mas achou que tinha a ver com seu pai. "Então, meu irmão respirou fundo e me contou que Gabriel e a minha ex-mulher Fernanda haviam morrido num desastre de helicóptero em Trancoso."
No texto, intitulado "Pior dia de minha vida", Bruno diz ainda que ficou "em total estado de choque" durante o enterro dos corpos, realizado no cemitério São João Baptista, no Rio, e que tinha esperanças de que tudo não passasse de um pesadelo. "O dia estava bonito e tudo parecia uma cidade cenográfica. Eu certamente acordaria deste sonho, acreditava. Em vão."
Apesar de se descrever como um "pãe" (mistura de pai e mãe) e de dizer que tentava participar "de cada momento de sua vida com um mergulho intenso de cabeça", o cantor do Biquíni Cavadão revela em seu texto que Gabriel nunca chegou a assistir a um show da banda.
Numa tentativa de compensar a perda, Bruno afirma que decidiu manter a agenda de shows marcados para este final de semana - em Inconfidentes (MG) neste sábado (25) e Cachoeiro de Itapemirim (ES) no dia seguinte. "Depois de muito pensar, decidi fazê-los. Chamei meu amigo Marcelo Hayena, do Uns e Outros. Ele estará por perto, caso me falte a voz. Ainda assim, estou confiante em cantá-lo até o fim. O motivo é simples. Meu filho nunca viu um show meu, por ser muito pequeno. Agora, ele tem cadeira cativa. E quero fazer, para o meu Gabriel, o show mais lindo do mundo. E assim serão todos que eu puder fazer pro resto de minha vida!"
Bruno encerra o texto agradecendo aos amigos e fãs "pela força". "Foi o pior dia de minha vida, mas cada reza, energia, força, recado, me amparou muito. Ainda sofro mas, de agora em diante, terei de viver um dia de cada vez. Beijem seus filhos com carinho e fiquem com Deus", conclui.
