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Domingo, 21 de julho de 2024

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Jovem compra carro usado e em dois dias encontra 12 problemas

A compra do primeiro carro do montador de móveis Carlos Roberto Lino Amaral, de 19 anos, tinha tudo para ser especial. “Quando eu vi o carro, sabia que era aquele.

A compra do primeiro carro do montador de móveis Carlos Roberto Lino Amaral, de 19 anos, tinha tudo para ser especial. “Quando eu vi o carro, sabia que era aquele. Ele estava todo limpo e com os bancos do modelo. Estava tão empolgado que nem fiz o test-drive e nem levei ao mecânico. No para-brisa tinha uma placa dizendo que o carro estava em ótimo estado”, relata. Porém, em apenas dois dias após a compra, 12 problemas foram descobertos por ele no carro.


O Peugeot 206 Quicksilver, ano 2002, foi adquirido no dia 12 de fevereiro, um sábado, em uma loja na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte. Segundo Carlos, o carro custou R$ 14,5 mil, sendo que ele deu de entrada uma moto no valor de R$ 6 mil e dividiu o restante em 36 prestações de R$ 430. Destas, segundo o jovem, seis já foram pagas.

O montador afirma que, como os problemas do veículo começaram a ser percebidos no sábado, ele só pode levar o carro de volta à loja na segunda-feira. “Assim que entreguei, eles disseram que mandariam para um mecânico. Pedi um recibo, mas não entregaram. Esperei por volta de 20 dias. Quando voltei para pegar o carro, percebi que estava com os mesmos defeitos”, lembra. Segundo Carlos, depois disso, o gerente da loja falou que iria mandar o veículo para outro mecânico.

Na Justiça
Faz seis meses que o motorista não pode contar com o carro. Em março, quando o carro completou 30 dias na loja, o motorista fez um boletim de ocorrência, apontando os 12 problemas (veja lista abaixo), procurou um advogado e entrou na Justiça. Há dois meses, Carlos também acionou o Procon. Uma primeira audiência foi realizada, na qual, segundo o montador, a defesa do estabelecimento declarou que o carro nunca foi levado à agência para ser consertado e que o jovem teria encaminhado o veículo direto para uma oficina.

A advogada da loja, Danielli Alves Ferreira, diz ao G1 que, durante a audiência no Procon, não houve acordo entre as partes envolvidas. “Em casos como este, em que o comprador reclama de problemas no ar-condicionado, na buzina ou no cinto de segurança, não faço acordos. Estes problemas qualquer pessoa consegue ver antes de comprar o carro”, afirma. Sobre o processo na Justiça, ela declarou que a empresa ainda não foi citada e, por isso, não teve acesso aos autos.

Danielli diz ainda que Carlos teve um desconto de R$ 1 mil no carro, para pagar qualquer problema que pudesse ter. O montador confirma que obteve o desconto, mas nega ter sido informado de era para o caso de o Peugeot apresentar algum defeito. Segundo ele, sempre foi dito que o veículo estava em perfeitas condições.

O jovem de 19 anos acha que o fim deste caso ainda está longe, mas diz que pelo menos uma coisa boa tirou desta história: “Estou tentando entrar na faculdade de direito para nunca mais ser passado para trás de novo”.


As 12 falhas que
motorista relata:

Cinto de segurança travado

TBI (peça do motor) quebrada

Falha no sensor de aceleração

Buzina quebrada

Para-choque solto

Pneu furado

Teto com infiltração

Chave de roda não compatível

Ar-condicionado quebrado

Desembaçador quebrado

Medidor do combustível desregulado

Velocímetro travado

O que diz a lei
Segundo o Código de Defesa do Consumidor, as lojas de veículos são obrigadas a dar um período de garantia. "Todo automóvel vendido [em uma loja], usado ou zero, tem garantia de 90 dias por lei, integral (não só motor e câmbio). Só não é integral se [na venda] for especificado problema", explica Renata Reis, especialista do Procon-SP.

Porém, caso a venda seja feita de uma pessoa para outra, as leis que regem a negociação são as do Código Civil. "Algumas regras mudam; a garantia cai para 30 dias", alerta Renata.

O que o motorista deve verificar
É importante pedir para experimentar o carro antes da compra e, se possível, levá-lo para ser avaliado por um mecânico. Mas alguns problemas podem ser percebidos pelo próprio motorista, explica Denis Marum, diretor da oficina Chevy Auto Center, de São Paulo.

É importante conferir se a quilometragem é compatível com o histórico do carro. Uma análise ‘tempo x quilômetros rodados’ pode levantar alguma desconfiança. “Os pneus de um carro com mais de 50 mil km podem estar desgastados; o volante passa a ter o ‘granulado’ liso; o curvim da manopla do câmbio apresenta aparente desgaste e o tecido dos bancos fica meio esgarçado (se for couro fica desgastado)", descreve o engenheiro mecânico. "Aí, se você olha e o velocímetro marca só 15 mil km...”.

A funilaria é um dos pontos mais avaliados pelos compradores, mas, segundo Marum, poucos conseguem perceber se um carro foi batido ou não. O ideal é levar um funileiro de confiança para ajudar na avaliação, mas uma maneira de saber se o veículo já sofreu alguma batida de frente, por exemplo, é comparar o brilho da pintura do capô com o do teto. “Em uma batida de frente, o capô, se não for trocado, será repintado. O calor do motor faz com que a tinta não seque da maneira adequada”, explica Marum.

Para ver se o carro já teve problemas com enchente, pode-se abrir o porta-malas e checar o ‘macaco’. Se ele apresentar sinais de ferrugem, as chances são grandes de o veículo já ter encarado uma inundação. Outros sinais são cheiro de mofo e, em casos mais extremos, o manual do proprietário pode estar enrugado.

A cor do óleo também pode identificar problemas no motor. "Se estiver ligeiramente esbranquiçado,o motor pode ter algum vazamento interno que, seguramente, acarretará em problemas futuros", diz o especialista. "O reparo de um problema deste tipo custa, em média, R$ 5 mil. Aproveite para ver se o número do chassis é o mesmo do motor."

“Não deixe de fazer um test-drive para avaliar outros componentes do veículo e identificar futuros reparos que o carro possa vir a ter em um curto espaço de tempo”, aconselha Marum. Se o pedal da embreagem estiver duro, pode ser um sinal de que o componente está desgastado. Observe eventuais barulhos nos freios e passe por uma rua de paralelepípedos para averiguar o conjunto da suspensão. Caso o motor faça algum barulho estranho, solicite a um mecânico de sua confiança um diagnóstico.

Desconfie do preço
O preço, quando muito abaixo do mercado, pode indicar que o carro poderá se revelar um 'abacaxi', diz o dono de oficina. Pode ser um sinal claro de que o veículo teve, por exemplo, alguma batida forte ou enfrentou problemas com enchentes. O valor baixo também pode estar relacionado ao elevado valor de manutenção do veículo ou na dificuldade de fazer o seguro.

“Existem carros de luxo ano 2004, 2005, 2006, normalmente importados, que custam o mesmo que um popular – algo em torno de R$ 15 mil. No entanto, seu custo de manutenção é acima do normal. Um cabo de velas, por exemplo, pode passar dos R$ 1.800, enquanto a mesma peça para um popular é abaixo de R$ 100”, exemplifica Marum.

A recomendação é que o comprador entre em contato com oficinas de sua confiança e faça um levantamento dos custos de uma manutenção comum. Conversar com outros proprietários do modelo para saber como é a reposição de peças também pode ajudar a definir pela compra ou não de um determinado modelo usado. Outra medida preventiva é solicitar a um corretor de seguros o valor de uma apólice para aquele veículo.

Documentação
Outro item que deve ser verificado é a documentação. “É essencial conferir se o carro que se está comprando é o mesmo que está descrito no documento. Veja o nome e a marca do veículo, confira a placa, o número de chassis e também a cor”, aconselha Marum. Recomenda-se ver se o número de chassis impresso no manual do proprietário é o mesmo do automóvel e se ali constam todos os carimbos das revisões obrigatórias. “Muitas pessoas, e mesmo revendedoras, para elevar um pouco o preço, baixam a quilometragem e substituem o manual original por outro comprado em uma concessionária”, alerta o especialista.

O futuro comprador também deve se certificar de que o automóvel não esteja alienado e que não haja pendências financeiras. Com o número do Renavam nas mãos, é possível fazer uma consulta sobre eventuais multas no site do Detran.
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