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Sexta-feira, 26 de julho de 2024

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Engenheiro que autorizou parque no Rio afirma que só fala em juízo

O engenheiro que assinou a autorização para o funcionamento do parque de diversões, na Zona Oeste do Rio, disse, na tarde desta sexta-feira (19) que só voltará a falar sobre o assunto em juízo. No último domingo (14) um brinquedo do parque se desprendeu matando dois jovens e deixando outros sete feridos.


Ele confirmou o depoimento prestado na 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes), na última segunda-feira (15) segundo a delegada Adriana Belém.

O engenheiro esteve na tarde desta sexta-feira na delegacia, acompanhado do advogado Jair Leite Pereira. Mas, de acordo com o advogado, ele estava com pressão alta e ficou apenas 15 minutos no local, saindo sem dar entrevistas. O engenheiro foi indiciado por falsidade ideológica, juntamente com a presidente da Associação de Moradores de Vargem Grande, o presidente de um bloco carnavalesco e três promotores do evento.

Segundo Pereira, ele será ouvido num inquérito administrativo no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea), no próximo dia 31. O advogado frisou que o engenheiro deu autorização baseado nas normas atuais para o procedimento.

"Acho que o município e o estado deveriam ter uma legislação mais rigorosa para a autorização de parques. Ele cumpriu exatamente o que determina o Crea, que é uma avaliação superficial do local", disse o advogado.

Procurado pelo G1, o Crea informou que vai se pronunciar sobre o caso.

A delegada Adriana Belém acredita que o engenheiro sequer esteve no parque para fazer a vistoria. Ela mostrou que a autorização assinada por ele está num papel timbrado do próprio parque.

"É grande a possibilidade de ele não ter vistoriado o parque. Por isso, ele foi indiciado apenas por falsidade ideológica. O sócio minoritário e a bilheteira do parque confirmaram que nunca viram o engenheiro no parque. Se ele tivesse vistoriado o parque e concedido a autorização naquele estado aí sim a situação dele estaria muito pior", disse a delegada, que espera a chegada dos laudos periciais para enviar o inquérito ao Ministério Público. Ela acredita que deverá encaminhar o processo na próxima terça ou quarta-feira.

Vítima deixa o hospital
Depois de ficar mais de uma semana internada, a jovem Francine Januário Santana, de 20 anos, teve alta nesta quinta-feira (18). Ela estava no Hospital Miguel Couto, no Leblon, Zona Sul do Rio, e é uma das vítimas do acidente no parque de diversões em Vargem Grande, na Zona Oeste, que deixou dois mortos e outros sete feridos. As informações são da Secretaria municipal de Saúde.

Já Daiane Mesquista, de 17 anos, continua internada no CTI da unidade em estado grave, sem previsão de alta, segundo a Secretaria municipal de Saúde.

Dois mortos
O acidente ocorreu durante uma festa agostina - uma celebração de São João no mês de agosto, na madrugada de domingo (14). De acordo com a polícia, por volta das 3h, um carrinho do brinquedo chamado "tufão" se soltou e caiu do alto, atingindo várias pessoas que estavam numa fila. Alessandra da Silva Aguilar, de 17 anos, ainda segundo os agentes, morreu no local. Já o Vítor Alcântara de Oliveira, de 16 anos, morreu na terça-feira (16), após dois dias internado em estado grave.

Os indiciados
A delegada Adriana Belém, da 42ª DP (Recreio), indiciou os donos do parque por homicídio doloso, quando há a intenção de matar. Já o engenheiro que deu a autorização para o parque funcionar e disse que não andaria nos brinquedos nem permitiria que seus parentes andassem foi indiciado por falsidade ideológica.

"Ele deu declarações em documento público que não corresponde à verdade. O parque não tem condições de funcionar", explicou Adriana, informando que se condenado na Justiça, o engenheiro pode cumprir pena de 1 a 5 anos de detenção.

Além deles, três organizadores da festa realizada no parque e os presidentes das associações de moradores de Vargem Grande e de blocos carnavalescos também foram indiciados por falsidade ideológica.

“Eles (os organizadores da festa) pediram um alvará para uma festa agostina, não falaram em nenhum momento que seria em um parque de diversões, então, eles induziram os órgãos ao erro. Na leitura dessa petição, diz apenas que se trata de um evento de origem beneficente, eles omitiram a existência do parque, por isso foram indiciados”, disse a delegada.

A delegada explicou, ainda, que os presidentes das associações de moradores e de blocos carnavalescos foram indiciados porque eles também omitiram a informação sobre o parque de diversões. Segundo Adriana Belém, os organizadores entraram em contato com as associações para pedir as autorizações para a realização da festa.
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