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Sexta-feira, 26 de julho de 2024

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Defensor público diz que recrutas doentes reclamaram de falta de água

Sete dos 57 recrutas internados no Hospital Naval Marcílio Dias, no Lins de Vasconcelos, no subúrbio do Rio, visitados na tarde desta segunda-feira (22) pelos defensores públicos André Ordacgy e Daniel Macedo, reclamaram da falta de abastecimento de água no Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves (Ciampa), em Campo Grande, na Zona Oeste. Os recrutas do Curso de Formação de Soldados Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil foram hospitalizados no último dia 17, depois que passaram mal com febre, tosse, coriza e sintomas de síndrome respiratória.


Procurada pelo G1, a Marinha não se pronunciou até a publicação da reportagem.

De acordo com os defensores, mesmo na presença de oficiais, os jovens relataram que faltava água constantemente nos bebedouros do Ciampa. Alguns chegaram a dizer que tiveram de beber água da bica. No entanto, nenhum deles reclamou do excesso de exercícios físicos.

“Eles contaram que os exercícios estavam dentro da rotina normal do curso e que não houve nada que os levasse à exaustão. Inclusive os recrutas pertencem a pelotões e companhias distintas, e nem todos faziam exercícios quando começaram a passar mal”, disse Macedo.

Ao final da visita, os defensores disseram que entregaram em mãos ao diretor do hospital um ofício pedindo os prontuários médicos dos recrutas internados. Também foram enviados ofícios à Secretaria municipal de Saúde para obter os laudos da coleta de material dos pacientes e para o 1º Comando da Marinha e outro para o Ciampa, para saber que providências serão tomadas para que casos semelhantes não se repitam.

“Por enquanto está difícil achar uma conexão com o excesso de exercícios. Neste primeiro momento, trata-se de um caso administrativo, mas pode se transformar numa ação individual por danos morais, se alguém se sentir humilhado pela falta de água e pelas condições em que estavam, ou ainda uma ação coletiva contra a Marinha, que tem de zelar pela integridade física e emocional dos recrutas”, disse Ordacgy.

Jovem deixa CTI
Na tarde desta segunda-feira (22), um dos jovens que estava no CTI foi transferido para um quarto. A mãe dele, Marise Pereira, disse que o filho está sendo muito bem tratado pela quipe médica do hospital.

“Ainda não conversei com ele, não sei o que aconteceu. Só depois que tiver tempo de falar com ele, quando meu filho estiver bem de verdade, vamos conversar sobre o futuro dele na Marinha”, disse Marise.

Haroldo Silva Júnior, tio de um dos recrutas internados, informou, na manhã desta segunda-feira, que a Marinha ainda não entrou em contato oficialmente com as famílias dos recrutas para explicar o que ocorreu.

"O tratamento do hospital está sendo muito bom, mas do comando da Marinha ninguém se pronunciou. Minha família não foi procurada e espero que seja dado algum esclarecimento", contou, acrescentando que o sobrinho está "traumatizado" e pensa em desistir do curso."

De acordo com informações divulgadas no domingo (21) pela assessoria da Marinha, os jovens, que deram entrada na unidade no último dia 17, "apresentam boa evolução clínica e continuam recebendo a necessária assistência médica".

O Curso de Formação de Soldados Fuzileiros Navais teve início no dia 8 no Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves (Ciampa), em Campo Grande, na Zona Oeste da cidade, com 637 alunos matriculados.

A família de um dos rapazes internados no CTI acusa a coordenação do curso de impedir os praças de beber água. "Ele viu muitos alunos desmaiando, passando mal, não tinha nem água no cantil", conta o pai, com base nos relatos do filho.

Em resposta, a Marinha comunicou que "no primeiro dia do curso de formação, todos os recrutas receberam cantil, porta-cantil e cinto para se hidratarem com água filtrada, quando não estivessem próximos de bebedouros e pontos de água potável distribuídos. Os instrutores do curso repassaram aos alunos que somente era permitido reabastecerem os cantis em fontes autorizadas de água tratada".

O órgão adiantou também que, em ação conjunta com a Secretaria municipal de Saúde do Rio, investiga a causa da síndrome que acometeu os recrutas e que estão sendo tomadas todas as medidas de vigilância, prevenção e controle dos sintomas, já tendo sido iniciado o processo de vacinação preventiva de toda tripulação do Ciampa.
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