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Sexta-feira, 26 de julho de 2024

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'É utopia achar que UPP vai acabar com o tráfico', diz major da PM do RJ

"É uma utopia acreditar que a UPP vai acabar com a droga". A declaração é do major Eliezer de Oliveira, coordenador de Ensino e Pesquisa das Unidades de Polícia Pacificadora no Rio. Na manhã desta terça-feira (20), num seminário na Glória, Zona Sul, que discute políticas de segurança e tráfico de drogas, ele disse que se houver um usuário, ele irá atrás da droga.


Por isso, "o importante é não apenas combater o narcotráfico, mas também afastar a influência dos narcotraficantes da comunidade. Essa influência permite que um jovem ocioso possa enveredar por esse caminho. A polícia tem que chegar na comunidade e junto com ela, outras ações sociais. A iniciativa privada também tem que estar junto", disse ele.

Ressocialização
"O dependente químico é um problema social, que acaba se tornando um problema de polícia quando ele faz disso o seu modo de vida, e se vale disso para praticar delitos. Aí a polícia vai agir e prender. Se não houver tratamento, ele pode voltar a essa prática delituosa num círculo vicioso. A UPP pode diminuir os riscos e melhorar a qualidade de vida até para esse dependente químico que se vê impedido de fazer a única coisa que somente sabia fazer porque a polícia está lá. É um dever nosso dar oportunidade de ressocialização", disse ele.

O major repete as palavras de Chacrinha: "Quem não se comunica se trumbica" e afirma que "não quer repetir bordões, mas uma comunidade que não se comunica com a polícia não vai chegar a lugar nenhum", dizendo ainda que junto com a UPP, outros setores do Estado têm de entrar na comunidade.

"Antigamente era o bandido o referencial da comunidade, hoje é a polícia. As pessoas vão até a polícia para ter uma solução para seus problemas. Por isso, não pode repousar sobre a polícia a solução para todos os problemas, a reboque tem que haver outros órgãos".

'Incremento da violência'
Para Milton Romani, embaixador uruguaio para assuntos internacionais sobre drogas, "o consumo de drogas nunca é um problema social".

"Punir o consumo é abordar com a lei um problema social e cultural complexo e o resultado será o incremento da violência", afirmou.

Em seu país, ele disse, o combate ao narcotráfico é focado na repressão à lavagem de dinheiro.

"O Estado tem que regular o mercado. A droga ilícita é uma mercadoria de mercado paralelo que entra no mercado lícito por meio da lavagem de dinheiro", explica o especialista.

Ele contou que no Uruguai, os usuários de drogas têm tratamento garantido em toda a rede de saúde, além de terem três centros especializados. Já o traficante, quando configurado o crime, pode ser condenado a uma pena de até 18 anos de prisão.

Usuários em queda
Já em Portugal, segundo o superintendente de Polícia de Segurança Pública, Flávio dos Santos Alves, vem diminuindo o número de usuários de drogas considerados não passíveis de serem punidos, ou seja, o usuário flagrado com uma dose de droga suficiente para consumo de dez dias. Esse usuário é orientado a fazer um tratamento e, se não aceitar, pode sofrer sanções como multas. Já o tráfico de drogas é considerado crime.

A queda no número de usuários, segundo explicou, se deve ao esforço feito sobre esse consumidor com atendimento e acompanhamento pela rede de saúde.

Mais de 30 policiais e especialistas em Segurança Pública de todo o mundo participam do I Encontro Estratégico de Segurança Pública e Políticas de Drogas, que termina na quarta-feira (21).

O encontro, resultado da parceria entre a Polícia Militar, o Comando das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) e a ONG Viva Rio, tem o objetivo de debater a atividade policial, a segurança pública e a política de drogas. Ao fim da reunião, os participantes redigirão um documento com propostas de práticas preventivas em relação às drogas a serem incorporadas ao trabalho policial.
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