Olhar Direto

Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Notícias | Brasil

MEA CULPA

Noticiário sobre violência pode influenciar comportamento agressivo, diz psicóloga

Foto: Reprodução

Noticiário sobre violência pode influenciar comportamento agressivo, diz psicóloga
A divulgação de forma descontextualizada e hiperdimensionada de notícias sobre violência pode influenciar e motivar um comportamento agressivo. Essa é a opinião da psicóloga Maria da Graça Gonçalves, do Departamento de Psicologia Sócio-Histórica da PUC-SP. Para ela, o noticiário que não discute a violência, e não apresenta as causas, banaliza as atitudes agressivas.


“Com certeza tem uma influência, não podemos dizer que seja direta, mas a mídia fortalece o imaginário da brutalidade. Parece que as formas rudes de enfrentar as situações são legítimas”.

Maria da Graça diz que a mídia deve mostrar a realidade, mas saber como apresentar os fatos, de forma a gerar debate. “Qual é o espaço de contraponto? A audiência não diz tudo o que as pessoas pensam”, critica a psicóloga, que defende um noticiário mais equilibrado, entre os fatos bons e ruins.

O sociólogo Leonardo Sá, pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), da Universidade Federal do Ceará (UFC), não acredita que o noticiário sobre violência possa gerar um comportamento agressivo, mas defende que a abordagem da notícia influencia na visão de mundo. “A maneira como a imprensa aborda influencia como a pessoa vai perceber a sociedade, é uma influência sobre o modo de ver”.

Polícia, a única fonte
Por outro lado, Sá concorda que as notícias são apresentadas de forma descontextualizada e com apenas uma versão.“Nos programas policiais há um erro muito grave: eles reproduzem o discurso da polícia como sendo inquestionável”, aponta.

A socióloga do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) da Universidade Candido Mendes, Silvia Ramos, pensa o mesmo. “A cobertura tem melhorado, mas ainda é muito factual. Na nossa pesquisa vimos que quase 70% das matérias têm a polícia como única fonte”, diz Silvia, co-autora do livro Mídia e violência: novas tendências na cobertura de criminalidade e segurança no Brasil.

Jornalismo policial ameno
O jornalista Marco Antonio Zanfra, autor do “Manual do Repórter de Polícia”, que atuou por 15 anos em reportagem policial, acredita que o noticiário sobre violência têm sido abordado de forma mais leve. “Tirando esses programas policiais, o noticiário está mais ameno e politicamente correto. Antigamente tinha foto de cadáver nas revistas, nos jornais. Hoje está bem mais sutil. Alguns apelam pelo lado emocional, mas a cobertura está mais cuidadosa”, opina.

Para ele, o noticiário atual não influencia um comportamento agressivo, porque a brutalidade tem sido vista em toda parte. “A violência está em todo lugar, e não só na imprensa”, diz.

A jornalista Anabela Paiva, co-autora do livro 'Mídia e violência: novas tendências na cobertura de criminalidade e segurança no Brasil', ao lado de Silvia, fala em cautela, mas enfatiza que imprensa tem o dever de noticiar casos de violência. “É mais que natural que a imprensa trate disso, porque no Brasil há 50 mil assassinatos por ano”, afirma. (Com informações do Portal Comunique-se)
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 

Comentários no Facebook

Sitevip Internet