O lavador de caros Jaeder Silveira, que cumpre pena de 33 anos em regime fechado pelo assassinato da pró-reitora da UFMT do campus de Rondonópolis, Sorahia Miranda Lima, 41, do professor do curso de Zootecnia Alessandro Luís Fraga, 33, e do prefeito do campus, Luiz Mauro Pires Russo, 44, mudou sua versão e inocentou o servidor federal Jorge Tabory de ter encomendado a morte da pró-reitora.
O Ministério Público Federal (MPF) tinha informações de que Jaeder teria sido convencido a mudar o depoimento. No dia 27 de setembro, o procurador da República, Douglas Santos Araújo, esteve na Penitenciária da Mata Grande para apurar o crime de compra de testemunha e filmou o depoimento de Jaeder. “Ele mudou a versão e acabou confirmando que estáa mentindo para encobrir o crime do Jorge”, disse o procurador ao Olhar Direto.
No mesmo dia em que o procurador esteve na penitenciária, coincidentemente, o advogado de Jorge Tabory, Elson Rezende de Oliveira, também esteve no local para conversar com Jaeder.
Durante depoimento prestado no júri, o detento caiu em contradição. Primeiro contou sobre a conversa que teve com o procurador, mas esqueceu o assunto que tratou com o advogado de Tabory. Depois lembrou-se da conversa ao ser inquirido pelo procurador da República.
Jaeder Silveira disse que não foi mandado para matar a pró-reitora, mas que iria assaltar a casa junto com um companheiro. Contudo, como estava armado, decidiu ir sozinho a residência da pró-reitora. Ele contou que escolheu a casa aleatoriamente. Quando viu as três pessoas saindo da casa, atirou nas três, duas balas acertaram Sorahia.
No depoimento, ele disse que só incriminou Jorge Tabory porque teria sido induzido a isso pela Polícia Federal. “Eles disseram que eu ia ganhar menos cadeia, teria delação premiada. Aí eu inventei. Não sabia que o Jorge ia passar tanto tempo preso. O Jorge é inocente, pensei que ele ia sair rápido”.
Conforme a denúncia do MPF, Sorahia e Luiz Mauro tinham começado a viabilizar uma forma de lavar os carros na própria universidade. “Diante da iminente possibilidade de ter esta fonte de receita tolhida, Jorge arquitetou a trama criminosa e contratou Jaeder para execução do repugnante intento, de modo a garantir a viabilidade dos negócios empresariais ilícitos que mantinha com a Universidade Federal de Mato Grosso”, diz parte do documento.
Além de Jaeder, outra seis pessoas foram ouvidas no primeiro dia de julgamento. A sentença deve sair nesta sexta-feira (11).