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Domingo, 28 de julho de 2024

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Engenheiros analisam imagens de estrutura de prédio que desabou

Especialistas do Clube de Engenharia do Brasil analisaram a estrutura do Edifício Liberdade, um dos que desabou no Centro do Rio de Janeiro. Os engenheiros conseguiram identificar algumas estruturas de sustentação do prédio.


"Mostra a existência de uma coluna aqui com uma possível viga aqui. E aqui na frente na fachada também tem um pilar, que se você chegar um pouco mais pra lá, você vai notar outra vez aqui o pilar aqui, a viga grande e o pilar do outro lado e a varanda lá na frente. Não se vê nessas imagens nenhum pilar central", explicou Gilberto.

O grupo faz parte de uma comissão criada para apurar as causas do desmoronamento. A hipótese mais provável, segundo estes engenheiros, é que algum pilar tenha sido atingido. Até mesmo pela abertura de um buraco para a passagem de fios ou dutos.

"Isso provoca um aumento na própria carga do pilar, dos esforços do pilar, a carga é a mesma mas a sessão resistente é menor, e isso pode provocar uma diminuição da capacidade importante do pilar. E pode provocar o esmagamento, que é a característica desse tipo de desmoronamento, um desmoronamento por uma ruptura brusca", disse o vice-presidente do clube, Manoel Lapa.

Planta desenhada por administradora

A comparação com fotos da década de 50 mostra que o prédio não tinha mais o formato original. A parte superior chegou a ser ampliada. Mas os especialistas acreditam que reformas antigas ou a abertura de janelas não têm nenhuma relação com o acidente. Para eles, a causa foi recente.

Segundo a Defesa Civil do Rio, a obra que a empresa TO fazia no nono andar pode ter influenciado no desmoronamento. As intervenções não poderiam ser realizadas sem um engenheiro responsável, alertam os especialistas. E a planta nunca deveria ter sido desenhada por uma funcionária da empresa formada em administração, como um dos sócios da empresa afirmou.

"A nossa gerente também sabe fazer a planta. Ao longo das obras, ela foi aprendendo, mas ela não tinha nenhuma responsabilidade técnica de avaliar nada", contou Sérgio Alves, na coletiva realizada na sexta-feira (27).

Para Manoel Lapa, ela pode não ter agido de má fé, mas era um exercício ilegal da profissão. "Isso deveria está sendo feito por um engenheiro", disse ele.

Ainda na entrevista coletiva, o sócio da TO também alegou que a reforma do andar tinha sido autorizada pelo síndico.

"Nós fomos ao síndico e informamos que a obra só iria começar daqui a 15 dias, porque a gente não vai poder dar o laudo. E ele disse 'pode começar, daqui a 15 dias você me dá um laudo'. Exatamente assim", conclui Sérgio Alves.

Neste sábado (28), a declaração do sócio da empresa foi contestada pelo advogado do condomínio. Segundo ele, o síndico exigiu que a empresa apresentasse um projeto da reforma e a chamada Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) - documento em que o engenheiro se responsabiliza pela obra, o que não foi feito.

"O síndico não autorizou obra nenhuma. Ele foi solicitar a comprovação de que estavam esses documentos normais. Ele não autorizou, eles é que fizeram a reforma, sem autorização", disse o advogado Geraldo Beire.

Posicionamento da empresa
A empresa TO voltou a afirmar por nota que a reforma no nono andar foi autorizada pelo síndico. O Conselho Regional de Engenharia informou, neste sábado, que vai convocar o engenheiro Paulo Sérgio Brasil para dar esclarecimentos sobre os serviços prestados por ele à empresa TO.

Paulo Sérgio afirmou que produziu apenas um laudo sobre o peso de sacos de cimento acumulados no terceiro andar, onde a TO já havia feito reforma. Segundo o engenheiro, o laudo atestava que a presença dos sacos não oferecia riscos à estrutura do prédio.

Ele esclareceu ainda que não se manifestou sobre a possível derrubada de paredes ou outras intervenções que pudessem afetar o edifício. Quanto ao laudo da obra de nono andar, Paulo Sérgio disse que não aceitou o serviço e nem chegou a fazer um estudo do local.
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