As plantas frigoríficas dos grupos Arantes, Independência e Quatro Marcos, todas em processo de recuperação judicial, estão enfrentando resistência por parte dos pecuaristas de Mato Grosso para que retomem o abate de gado, sem antes quitar uma dívida de mais de R$ 120 milhões. “O produtor não vai permitir que isso aconteça. Existe claramente uma opção dos frigoríficos em usar seus recursos para comprar o boi à vista para o abate. O boi esta dando lucro, os frigoríficos estão tendo lucro e não pagam o produtor, que está com sua vida financeira travada, por causa das recuperações judiciais”, disse enfático o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari. Ele ressalta que “as manifestações de bloqueio dos frigoríficos por parte dos pecuaristas são justas”. E a tendência é forte. O movimento de bloqueio já se tornou rotina.
Os pecuaristas de Nova Monte Verde do Norte (960 quilômetros de Cuiabá) completam nessa quinta-feira (07.05) 15 dias de bloqueio da entrada de bois nos currais do frigorífico Arantes. “Até agora ninguém do Arantes veio falar conosco. Sem negociação não tem abate. Sem pagar a divida de 6 milhões de reais não tem abate”, garante o produtor e um dos líderes do movimento, Jeremias Prado dos Santos. Ele disse ainda que “estamos sofrendo agora, mas depois vamos ganhar com isso. Nós acreditamos na negociação, pois não temos conhecimento que eles demitiram algum funcionário”. Jeremias informou, que os funcionários demitidos pelo grupo Arantes durante o pedido de recuperação judicial, “estão participando do movimento com os pecuaristas”.
No município de São José dos Quatro Marcos (330 quilômetros de Cuiabá) a situação é a mesmo. Desde segunda-feira (05.05) mais de 100 pecuaristas de 13 municípios bloquearam a entrada de gado em pé no frigorífico Quatro Marcos. A dívida do frigorífico com os produtores chega a R$ 6 milhões só nessa região e a promessa é de que não volta a abater, “enquanto não quitarem 100% da dívida”, disse o presidente do Sindicato Rural de São José dos Quatro Marcos, Alessandro Casado.
Os pecuaristas de Vila Rica (1.259 km a nordeste de Cuiabá), também usaram a estratégia de bloqueio e não permitiram o abate na unidade do frigorífico Quatro Marcos no mês de abril, por 16 dias. Depois disso eles conseguiram negociara uma dívida de mais de R$ 12 milhões com 135 pecuaristas da região.
O Frigorífico Independência já estuda a retomada de seus abates no País, inclusiva nas três unidades em Mato Grosso (Juína, Colíder e Pontes e Lacerda), no final desde mês de maio. Mas, se a tendência continuar, os pecuaristas devem bloquear esta intenção enquanto o grupo não quitar uma divida de cerca de R$ 50 milhões com os produtores mato-grossenses.
