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Domingo, 28 de julho de 2024

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AL pede perdão por agressões contra templos afro-religiosos em 1912

Foto: Divulgação/Raul Plácido/Agência Alagoas

Governo de Alagoas pede perdão por violência cometida contra templos afro-religiosos em 1912

Governo de Alagoas pede perdão por violência cometida contra templos afro-religiosos em 1912

O governo de Alagoas assinou, na noite desta quarta-feira (1º), o pedido de perdão para todas as comunidades negras e a representantes de terreiros de umbanda do estado. O documento marca o centenário de uma série de ataques contra templos da cultura africana ocorridos em 1º de fevereiro de 1912, em Maceió e cidades vizinhas. O ato foi denominado como "Quebra de Xangô" ou "Quebra de 1912" e marcou a sociedade alagoana até os dias atuais, segundo o historiador Luiz Sávio Almeida.


O perdão foi assinado pelo governador Teotonio Vilela Filho, depois da realização de um cortejo que saiu da Praça D. Pedro II até a Praça dos Martírios. "Hoje faz cem anos de um caso de violência de inúmeras proporções, principalmente contra as manifestações africanas e religiosas. Isso provocou problemas de várias naturezas em Alagoas. Pelo lado humano, o prejuízo maior se deu porque muitas pessoas morreram no conflito. Pelo lado da formação cultural, o prejuízo se deu porque esses templos tinham um caráter de alegria, eram contributivos para o público e davam senso de religiosidade. Perdemos isso por anos e décadas."

Com a assinatura do perdão, o governador afirmou ao G1 que não significa que o governo tenha tido alguma participação no ataques aos templos religiosos naquela época. "Há um contraditório entre historiadores sobre isso. Os estudos predominantes indicam que o governo foi omisso em 1912. Diretamente, o governo e a polícia do estado não tiveram envolvimento nos ataques. O fato é que 100 anos depois, essa história ainda sensibiliza e emociona os alagoanos", afirmou Vilela Filho.

"Quebra de Xangô"
Segundo o historiador Luiz Sávio de Almeida, a "Quebra de Xangô" por capitaneada por integrantes da Liga dos Republicanos Combatentes, considerada uma associação civil de caráter miliciano. De acordo com ele, havia a suspeita de que o governador de Alagoas à época, Euclides
Malta, e os representantes das casas de culto africano tinha um estreito relacionamento. Criou-se, então, o grupo dos Maltistas.

Euclides Malta ficou cerca de 12 anos no comando do estado, o que gerou desconforto na população local, que acreditava que o poder do governador era obtido nos templos de xangô. O descontentamento popular dirigiu os protestos aos templos religiosos, o que provocou a criação do culto que ficou conhecido como "xangô rezado baixo", segundo o histpriador. "Foi uma tentativa de diminuir o poder das oligarquias, em nome da Soberania, que era um grupo que acabou entrando em choque com a oligarquia e o governo federal", disse Almeida.
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