O governo do Paquistão ordenou a seu exército "eliminar os terroristas islâmicos", anunciou nesta quinta-feira o primeiro-ministro, Yusuf Reza Gilani, no 12º dia da ofensiva militar contra os talibãs na região de Swat, no noroeste do país.
"Para restaurar a honra e a dignidade de nosso país e proteger as pessoas, pedimos às forças armadas que eliminassem os combatentes islâmicos e os terroristas", declarou Gilani em discurso transmitido pela TV.
Este anúncio encerra oficialmente o acordo de paz assinado em meados de fevereiro, em virtude do qual os combatentes islâmicos aceitavam um cessar-fogo em troca da instauração de tribunais islâmicos em Swat e em seis outros distritos.
"Peço a todas as forças políticas e à sociedade civil que apoiem o Exército", disse o primeiro-ministro, que assegurou que o governo quis, "desde o primeiro dia, resolver" a situação "através do diálogo", apesar das "muitas críticas da comunidade internacional".
"Defenderemos cada centímetro do país a todo custo", ressaltou Gillani, que evitou dizer explicitamente que o acordo de paz foi quebrado.
O primeiro-ministro acusou os talibãs de ter dado continuidade à luta armada "na busca de seus interesses" durante este tempo e de ter iniciado ações contra o Parlamento, o governo e os veículos de comunicação.
"O governo não pode permitir tais atividades. A situação chegou a tal ponto que o governo tem que empreender ações decisivas", disse.
"Aprovamos o pacto para conseguir a paz, mas os insurgentes não aceitaram", afirmou Gillani, que admitiu que "a situação se agravou tanto que a população teve que deixar suas casas".
O premiê pediu à comunidade internacional para ajudar o Paquistão a garantir a integridade do país e a cooperar para melhorar a capacidade das agências de segurança paquistanesas.
Gillani anunciou também um pacote de ajuda de 1 bilhão de rúpias (R$ 26 milhões) para os deslocados das áreas de conflito.
O pacto entre a insurgência talibã e o Governo da Província da Fronteira Noroeste (NWFP) foi aprovado depois pelo Parlamento nacional e ratificado pelo presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari.
No entanto, o avanço talibã de vale do Swat a demarcações vizinhas levou o Exército a iniciar, na semana passada, operações nos distritos de Dir e Buner e a lançar, nesta quarta-feira, novos ataques no vale.