A Polícia Civil de Vinhedo, no interior de São Paulo, retoma nesta segunda-feira (5) os depoimentos sobre o acidente que matou uma adolescente de 14 anos no parque de diversões Hopi Hari no dia 24 de fevereiro. O delegado responsável pelo caso, Álvaro Santucci Noventa Júnior, deve ouvir o gerente operacional do parque e outros operadores do brinquedo La Tour Eiffel onde Gabriela Nichimura estava. Funcionários envolvidos com a manutenção do Hopi Hari também devem ser colocados à disposição da equipe do Ministério Público (MP) que fará nova perícia nas atrações, também nesta segunda.
Desde o acidente, a polícia ouviu o gerente-geral e responsável pela manutenção do parque, dois operadores que estavam no brinquedo no momento da queda da adolescente, além de visitantes que estavam no local e a família da garota. O pai de Gabriela Nichimura, Armando Nichimura, não prestou depoimento porque estava muito abalado, de acordo com o advogado da família, Ademar Gomes, e deve ser ouvido nesta semana.
O parque está fechado desde sexta-feira (2) após um acordo com o MP. A suspensão das atividades deve durar pelo menos 10 dias para que sejam feitas vistorias nos brinquedos e para saber se estão em condições de funcionamento e se oferecem segurança aos visitantes. A cadeira onde Gabriela Nichimura se sentou estava com a trava inativa há pelo menos 10 anos e não tinha cinto de segurança.
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Trava teria sido aberta dois dias antes de morte no Hopi Hari, diz advogadoSegundo a promotora de defesa do direito do consumidor, o La Tour Eiffel não tem prazo para ser liberado e um novo projeto de segurança terá que ser apresentado pelo Hopi Hari, já que o atual falhou. Um relatório final será produzido pela equipe técnica da força-tarefa, pedindo alterações no sistema de segurança de alguns brinquedos, caso sejam necessárias.
A assessoria de imprensa do Hopi Hari informou que os clientes que tiverem comprado ingressos para o período em que o parque ficar fechado devem entrar em contato pelo e-mail fale@hopihari.com.br ou pelo telefone 0300-7895566.
Perícia
A perícia terá a presença dos promotores Ana Beatriz Sampaio Silva Vieira e Rogério Sanches, que acompanham o caso, além de técnicos do Corpo de Bombeiros, do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) e Instituto de Criminalística (IC) de São Paulo. O parque terá que apresentar a documentação completa dos brinquedos.
Caso o acordo seja descumprido, o Hopi Hari está sujeito a multa diária de R$ 95 mil. Os peritos também vão analisar se o número de funcionários é suficiente para garantir a segurança de quem frequenta o parque.
Prejuízo
O fechamento do parque Hopi Hari alterou a rotina de comerciantes instalados em áreas próximas ao centro de lazer. Os funcionários de um restaurante próximo ao Hopi Hari, por exemplo, estão preocupados com a queda do número de clientes desde o acidente que matou a adolescente.
O taxista Ezequiel Santos, dono de uma frota de táxis executivos, transporta turistas ao Hopi Hari e calcula que o prejuízo diário deve chegar a R$ 1,5 mil.
Levantamento de acidentes
A promotora de defesa do direito do consumidor Ana Beatriz Sampaio Silva Vieira enviou um ofício ao delegado titular de Vinhedo, Álvaro Santucci Noventa Junior, solicitando um levantamento dos registros dos boletins de ocorrência registrados nos últimos dois anos envolvendo acidentes com visitantes no parque de diversões. Entre as ocorrências estão situações de lesão corporal culposa ou da integridade física dos frequentadores.
O pedido foi feito na sexta-feira (2) e deve ajudar nas investigações do MP sobre o acidente no brinquedo La Tour Eiffel. "Essas informações são importantes do ponto de vista cível na medida que pode evidenciar se o parque tem um grande número de acidentes", explica a promotora. Em coletiva à imprensa na quinta-feira (1º), a família de Gabriela Nichimura informou que irá processar o parque por danos morais e materiais e pretende pedir cerca de R$ 2 milhões de indenização.
