Olhar Direto

Sábado, 03 de agosto de 2024

Notícias | Mundo

Sob críticas, Obama defende não divulgação de fotos de tortura

Sob críticas de organizações de direitos humanos, o presidente americano, Barack Obama, justificou pessoalmente a decisão de tentar impedir a divulgação de novas fotos mostrando abusos que teriam sido praticados por soldados americanos em prisioneiros durante o governo de George W. Bush (2001-2009). O presidente disse que elas não melhorariam o entendimento dos fatos e poderiam atiçar sentimentos antiamericanos.


No mês passado, o governo informou que iria cumprir uma ordem judicial para liberar as imagens neste mês, abrindo mão de recorrer. Mas Obama mudou a orientação depois que altos comandantes militares e alguns membros do Congresso expressaram dúvidas sobre o potencial das fotos para gerar violência contra tropas americanas no Iraque e no Afeganistão.

Durante um pronunciamento à imprensa nesta quarta-feira, depois do anúncio sobre a decisão, Obama explicou sua mudança de posição sobre esta questão, oposta a uma decisão da Justiça obrigando o Pentágono a divulgar as fotos. Obama defendeu sua decisão, dizendo que a publicação das fotografias "não acrescenta qualquer benefício adicional para a nossa compreensão daquilo que foi realizado no passado por um pequeno número de indivíduos".

"Na verdade, a consequência mais direta de divulgá-las, em minha opinião, seria a inflamar ainda mais a opinião antiamericana e colocar nossos soldados em maior perigo", disse o presidente a jornalistas. "Além disso, temo que a publicação dessas fotos pode ter o efeito de afetar futuras investigações sobre abusos de presos".

Mais cedo, ao anunciar a mudança de posição do governo, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que Obama viu algumas das fotos e informou à equipe jurídica na semana passada que não se sentia confortável com a divulgação delas.

A União Americana de Liberdades Civis (Ucla, na sigla em inglês), que defendeu a publicação das fotos, manifestou indignação e disse que a decisão "transforma em uma piada" a promessa de transparência feita por Obama durante a campanha presidencial.

"É absolutamente essencial que essas fotos sejam divulgadas para que o público possa avaliar por si mesmo as torturas e os abusos que foram feitos em seu nome, e para que os altos funcionários que autorizaram ou permitiram o abuso possam ser responsabilizados", disse Amrit Singh, advogado da Aclu.

O grupo de direitos humanos Anistia Internacional disse que estava desapontado.
"Seres humanos foram torturados e tiveram negados direitos fundamentais. O povo americano foi enganado, e funcionários do governo, que autorizaram e justificaram práticas abusivas têm recebido um salvo-conduto", disse o diretor executivo do grupo, Larry Cox.

Ele disse que a história completa não tinha sido contada.

Mas a mudança foi bem acolhida pelos senadores Lindsey Graham, um republicano, e pelo independente Joe Lieberman, para quem Obama "fez exatamente a coisa certa"

"O fato de o presidente reconsiderar a decisão é sinal de força não de fraqueza", disseram os senadores em uma declaração.

Obama havia sido criticado por republicanos pela divulgação, no mês passado, de "[memorandos internos]": do Departamento de Justiça e da CIA (agência de inteligência dos EUA) autorizando o uso de técnicas como o "waterboarding" (afogamento simulado) contra suspeitos de terrorismo durante a era Bush. As técnicas são consideradas formas de tortura pelo atual governo.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
Sitevip Internet