Pouco antes de deixar Israel, o papa Bento 16 fez um último esforço para encerrar de vez a polêmica causada pelo bispo que nega o Holocausto. Em discurso no aeroporto de Ben Gourion, em Tel Aviv, ele criticou o "extermínio brutal" dos judeus pelos nazistas.

O discurso anterior sobre o tema havia sido considerado muito tímido diante da polêmica gerada pela negação do Holocausto pelo bispo linha-dura Richard Williamson, cuja excomunhão foi suspensa recentemente pelo papa.

Diante dos protestos, um porta-voz do Vaticano chegou a negar publicamente que Bento 16 tenha participado da Juventude Hitlerista quando era um jovem adolescente na Alemanha, na década de 40. O Vaticano procurou diferenciar a divisão antiaérea à qual o papa foi afiliado na época da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) com a Juventude Hitlerista, classificada por ele como "uma corporação de fanáticos voluntários ideológicos do Nazismo".

Em discurso de despedida, o papa evocou sua visita na segunda-feira passada (11) ao memorial Yad Vashem da Shoah em Jerusalém, "um dos momentos mais solenes" de sua viagem e no qual lembrou da visita ao campo de extermínio de Auschwitz, há três anos.

"Foi lá que tantos judeus... foram exterminados brutalmente por um regime sem Deus que propagou uma ideologia de antissemitismo e de ódio. Este capítulo horrível da história não deve nunca ser esquecido ou negado", disse.

Após sua visita a Yad Vashem, o papa foi criticado em Israel por não ter se desculpado enquanto alemão e católico pelo extermínio dos judeus, por não ter evocado os 6 milhões de judeus vítimas do nazismo, por não ter usado a palavra "nazismo" e por ter mostrado pouca compaixão e emoção.

"Nós viemos das mesmas raízes espirituais. Nós nos encontramos como irmãos, irmãos que, em momentos de nossa história, tiveram uma relação tensa, mas nós agora estamos firmemente comprometidos a construir pontes de amizade duradoura", disse.