O azul das águas é tão absurdo que a gente jura que é de mentira. A história parece ainda mais de pescador quando ficamos sabendo que esse cenário repleto de lagos, cujas águas escorrem por entre árvores e pedras formando belas cascatas, não está em um país tropical, e sim na Croácia. O mais incrível é que ele não é uma daquelas experiências de paraísos artificiais construídos em alguns países frios. O parque nacional dos Lagos Plitvice é de verdade.

Plitvice, que recebeu da Unesco o título de patrimônio da humanidade, fica dentro de uma floresta, na região dos Alpes Dináricos, perto da divisa com Bósnia e Herzegovina. No total, o parque possui 16 lagos dispostos em terraços. A água límpida escorre de um para o outro, formando um número incontável de cachoeiras e corredeiras. Pontes de madeira e passarelas percorrem a área, facilitando a observação. Nadar é proibido.

Toda essa beleza já sobreviveu a uma grande ameaça. A reserva natural foi a primeira demarcada em toda a Europa, mas a guerra que manchou os Bálcãs durante décadas não respeitava fronteiras. Os confrontos ocorridos dentro do parque em 1991 causaram danos na superfície, que ao longo dos anos vai se recuperando graças à capacidade de regeneração do calcário.

Esse mesmo mineral, quando escavado pelas águas da chuva e dos riachos, produz outro atrativo interessante do parque: as cavernas subterrâneas. Nelas, estalagmites brotam e estalactites se penduram formando desenhos tão estranhos que desafiam a imaginação.

Apesar da aparência tropical, é preciso levar em consideração que o parque nacional dos Lagos Plitvice está a mais de 700 metros de altitude e em um país europeu. Sendo assim, não dá para ir em qualquer época do ano achando que se encontrará calor. Muito pelo contrário: no inverno do hemisfério norte, que vai de dezembro a março, a neve contradiz a paisagem. Dependendo de quão rigorosa for a estação, as águas chegam a congelar, pendendo na forma de dentes entre uma plataforma e outra.