A despeito das mudanças que os líderes partidários do Congresso Nacional fizeram no texto de abertura da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai apurar denúncias de envolvimento do empresário Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e empresários, o senador Pedro Taques avalia que as alterações não trarão prejuízos aos trabalhos da Comissão.
"Os líderes decidiram incluir no texto que sejam investigadas pessoas físicas e jurídicas. Neste caso, estas pessoas físicas e jurídicas ligadas à empresa Delta serão investigadas. Na minha opinão, a mudança não traz prejuízo aos trabalhos da CPMI", afirmou, Taques, autor, juntamente com o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP), da redação original para abertura da CPMI.
O texto proposto pela base governista diz que serão investigadas denúncias e irregularidades abrangendo a Operação Monte Carlo. Com isso, o entendimento é o de que impedirá que se envolva o caso Valdomiro Diniz. Também diz que só abrangerá a atuação da empresa Delta na Operação Monte Carlo, o que excluiria a investigação da atuação da Delta em outras obras do governo, como as do PAC.
As mudanças tiveram como objetivo também evitar que a Comissão buscasse aprofundar elos com o escândalo do Mensalão, cujo processo está prestes a ser julgado no Supremo Tribunal Federal (STF) mas que corre o risco de prescrever.
De acordo com o parlamentar, também não se pode confundir o trabalho desta comissão com a que investigou o Mensalão. Ele cobra agilidade do Supremo.
"O Mensalão não tem, ao menos até agora, nada a ver com a investigação desta CPI”, disse Taques, lembrando que o Ministério Público Federal já denunciou o esquema do Mensalão, indicando 40 envolvidos em vários crimes, inclusive formação de quadrilha.
O senador também cobra rigor do Congresso Nacional na investigação das denúncias. Segundo ele, é importante que a comissão seja mista por conta dos indícios de envolvimento de parlamentares do Senado e da Câmara dos Deputados nas ações ilegais de Cachoeira.
"O Congresso deve cumprir seu papel investigando todos os envolvidos, não fazendo a comissão ‘só para inglês ver’”, afirmou Pedro Taques ao defender que a comissão não pode se esquivar de investigar o envolvimento de empreiteiras no esquema de Carlinhos Cachoeira.
Atualizada às 20h30
