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Segunda-feira, 29 de julho de 2024

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PF vai indiciar sete por desabamento de prédios no Centro do Rio

A Polícia Federal vai indiciar sete pessoas pela queda de três edifícios no Centro do Rio. A expectativa da Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e ao Patrimônio Histórico (DRCMAPH) é entregar o inquérito ao Ministério Público na próxima semana. Entre os possíveis indiciados por homicídio culposo está Sérgio Alves, sócio da empresa Tecnologia Organizacional (TO). A companhia era responsável pela obra realizada no 9º andar do Edifício Liberade.


O desabamento dos três prédios aconteceu no dia 25 de janeiro e deixou 22 pessoas mortas, sendo 19 já reconhecidas e 3 ainda não identificadas, segundo a Polícia Federal.

No inqúerito, a PF deve indiciar as pessoas por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), lesão corporal, desabamento, falsidade ideológica e dano a patrimônio público tombado, já que parte do Theatro Municipal foi atingido.

O delegado Fábio Scliar, responsável pela DRCMAPH, informou que recebeu o laudo técnico do desabamento na última terça-feira (15).

"O Sérgio (Alves) possivelmente será indiciado porque ele era quem mandava contratar os operários e tinha controle total da obra. Ele deve responder por homicídio culposo, porque ele sabia dos riscos. Além dele, outras pessoas também serão idiciadas no inquérito", disse ele, sem revelar a identificação dos outros suspeitos.

O delegado afirmou, ainda, que de acordo com depoimentos e investigação, havia várias irregularidades na obra que podem ter favorecido o acidente. A hipótese de explosão de gás foi descartada pela Polícia Federal: "Aquela obra exigia a presença de um engenheiro, de um arquiteto, coisa que não aconteceu", explicou Scliar.

Em nota enviada pouco depois das 11h30, a assessoria da TO esclareceu o seguinte: "A TO acredita que um conjunto de fatores causou o desabamento do Edifício Liberdade. Sobre um possível indiciamento, Sergio Alves informa que aguarda um comunicado oficial ou a divulgação da conclusão do inquérito para manifestar-se, uma vez não há motivos para defesa do que ainda não foi acusado".

Operários disseram que foram "intimados" por sócio
No dia 3 de abril, os operários contratados pela empresa já haviam confirmado, em acareação na PF, a retirada de paredes estruturais do Edifício Liberdade. De acordo com Scliar, a mudança foi feita no prisma de ventilação do prédio. Até a altura do 8° andar as paredes eram coladas no edifício do lado, mas dali em diante a planta é diferente.

“O primeiro piso desse prisma de ventilação, que começa justamente no 9° andar foi fechado e colocaram uma laje. Transformaram essa área fechada em uma saleta. Essa parede que foi retirada eu já sei, através da acareação, que eram feitas de concreto armado”, afirmou o delegado, na época, advertindo ainda que essa laje representa um aumento de carga.

Na ocasião, de acordo com o delegado, os operários contaram que foram "intimidados" por Sérgio Alves. Segundo a ele, os funcionários contaram que o empresário pediu que eles sempre fossem prestar depoimento à polícia acompanhados do advogado contratado pela TO, com o objetivo de manter sempre a mesma versão entre os operários e a direção da empresa.

Paredes foram demolidas, diz síndico
Em depoimento, o síndico do Edifício Liberdade confirmou que paredes estruturais, inclusive paredes externas do prédio foram demolidas. Além de confirmar a ausência de banheiros no 9°andar, o síndico explicou que justamente no 9º pavimento uma parede externa foi removida para ampliar a área interna.

O indiciamento terá como base mais de 15 depoimentos e o laudo do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli), da Polícia Civil. Cristiane Azevedo, gerente da TO, também poderá ser indiciado. Uma testemunha ainda será ouvida até a próxima sexta-feira (18).
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