O gari José Gomes da Costa, 35, varria as guias da avenida Brigadeiro Luís Antônio (região central de São Paulo) na tarde de anteontem quando viu um pedaço de papel voando pela calçada. Ao puxar o "lixo" com a vassoura para colocá-lo no carrinho, levou um susto: o que voava era um cheque de R$ 2.514,95.

"Estou duro. Pensei, 'veio em boa hora'", disse Costa, que diz estar endividado.

José Gomes da Costa achou o cheque enquanto varria a Brigadeiro Luís Antonio
Após ir para casa e colocar a cabeça no travesseiro, entretanto, o gari refletiu e achou melhor procurar o dono do cheque para devolvê-lo. "Não consegui dormir a noite toda. Vai que o cheque é de um motoboy que o perdeu trabalhando", disse, sem ainda ter encontrado o dono.

O gari, que mora em Francisco Morato (Grande SP), precisa trabalhar quatro meses sem gastar nada para juntar o valor do cheque, pois tem salário de R$ 600. E Costa cuida sozinho de três filhos que vivem com ele.

Garantia de emprego, pelo menos, o gari tem. Ele é da comissão de prevenção de acidentes da empresa para a qual trabalha (que presta serviços à prefeitura), o que lhe dá estabilidade. No emprego, recebeu o apelido de "Sucesso" por ser conhecido por todos.

Mas, mesmo que quisesse depositar o cheque, o gari não conseguiria, pois o documento é uma ordem de pagamento em nome de um banco.