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Domingo, 21 de julho de 2024

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Delúbio não aceita responsabilidade pelo que não fez, diz advogado

O ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, tem dedicado os últimos meses a duas atividades: um site de anúncio de imóveis, do qual é proprietário, e a palestras para explicar a sua defesa no processo do mensalão.


No julgamento, marcado para começar no próximo dia 2, ele deve negar a existência de pagamento a parlamentares para comprar votos, admitir caixa dois, mas sem apontar companheiros.

“O caráter dele impede que o dedo endureça”, diz o advogado Arnaldo Malheiros Filho, de um dos dois escritórios responsáveis pela defesa do ex-tesoureiro.

Apontado como um dos principais articuladores do mensalão, Delúbio terá de se defender das acusações de formação de quadrilha e corrupção ativa.

Apesar de negar o mensalão, ele assumirá a distribuição de recursos não contabilizados para campanhas, “deslize típico da democracia brasileira”, como consta no documento “A Defesa de Delúbio no STF [Supremo Tribunal Federal]”, uma revista de 80 folhas contendo os argumentos apresentados pelos advogados. O material é entregue nas palestras do ex-tesoureiro a militantes petistas e integrantes de movimentos sindicais.

O próximo desses encontros, ""ato de apoio e solidariedade", está marcado para o dia 24 de julho, em Brasília. Na ocasião, Delúbio deve falar sobre o mensalão à juventude petista.

Sete anos após o escândalo, Delúbio, segundo conta Malheiros, leva uma vida "simples", é “pobre” e “está tranquilo” com o julgamento. A defesa está sendo paga pelo PT, partido do qual o ex-tesoureiro foi expulso em 2005 e acabou readmitido em abril de 2011.

Procurado pelo G1, Delúbio preferiu não dar entrevista e indicou o advogado Arnaldo Malheiros Filho para falar em seu lugar. Confira abaixo os principais trechos da conversa:

G1 - O mensalão existiu?
Arnaldo Malheiros Filho - Como mensalão, não. A acusação não aponta uma única pessoa que tenha recebido o dinheiro mais de uma vez. Quem criou esse termo foi o Roberto Jefferson [ex-deputado, presidente nacional do PTB e um dos réus no julgamento do mensalão]. Na sua defesa final, escrita, fala que o termo foi retórico e não fato.
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G1 - O que existiu, então?
Malheiros Filho - Desde o seu primeiro depoimento na CPI dos Correios, há sete anos, o Delúbio assume o uso de recursos não contabilizados, repassados para os partidos da base aliada, cumprindo determinação da executiva nacional do PT.

G1 - Dizem que ele vai assumir toda a culpa. É isso mesmo?
Malheiros Filho - Ele assume a responsabilidade por tudo que fez, mas não aceita ser acusado pelo que não fez. Ele acredita que, para demonstrar inocência, não é necessário acusar ninguém, até porque o caráter dele impede que o dedo endureça.

G1 - Qual a expectativa da defesa para o julgamento?
Malheiros Filho - Nós confiamos na Justiça.

G1 - Como ele está com a proximidade do julgamento? Demonstra ansiedade?
Malheiros Filho - O Delúbio é uma pessoa muito tranquila, tem sido assim ao longo de todo esse tempo. Ele está tranquilo.

G1 - O Delúbio demonstra algum rancor de alguém por ter sido expulso do partido?
Malheiros Filho - Não. A relação é boa com todo mundo.

G1 - Ele retornou recentemente ao partido. Foi bem recebido?
Malheiros Filho - Foi sim. Ele é muito admirado pelo fato de ter passado tanto dinheiro pela mão e ele continuar pobre. Para você ter uma ideia, ele mora no apartamento da sogra, no bairro da Consolação, em São Paulo.

G1 - Ele não tem imóveis?
Malheiros Filho - Tem um terreno em Buriti Alegre [no sul de Goiás]. É o que sei.

G1 - O Delúbio montou um site de venda de imóveis. Além desse site, ele tem outra fonte de renda?
Malheiros Filho - Não. Ele vive disso.

Como o sr. define o Delúbio Soares?
Malheiros Filho - Para mim, a melhor definição do Delúbio seria uma foto dele na sala de casa. Já até sugeri para ele divulgar essa imagem, para as pessoas verem quem é o Delúbio, uma pessoa simples, mas ele não quis. Isso de não falar com a imprensa não é uma orientação da defesa, é uma resolução pessoal dele.
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