Andréa Aprígio, ex-mulher do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, afirmou na manhã desta quarta-feira (8) que os bens que estão no seu nome são oriundos da separação judicial do contraventor. Ela presta depoimento nesta manhã à CPI Mista que investiga as relações do contraventor com políticos e empresários.
"O patrimônio que está em meu nome é fruto de uma partilha de bens, fruto de uma separação consensual, feita em juízo [...] É também fruto do meu trabalho. Sou engenheira civil e advogada. Sou capaz de comportar o crescimento do meu patrimônio", afirmou.
Andréa Aprígio dirige a indústria farmacêutica Vitapan, que, segundo investigações da Polícia Federal na Operação Monte Carlo, é comandada pelo bicheiro. A ex-mulher seria uma "laranja" de Cachoeira. Ela negou as acusações. Segundo ela, a empresa foi comprada em 1999, quando ela ainda era casada com Cachoeira.
"Na época na aquisição da empresa o Carlos atuava em várias frentes, inclusive no ramo lotérico do estado", disse.
Andréa foi chamada para falar à CPI na condição de testemunha, mas conseguiu um habeaus corpus junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ficar calada. O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) fez um "apelo" para que Andréa colaborasse com a CPI e aceitasse falar. Logo em seguida, Andréa afirmou que daria sua explicação dos fatos, durante 20 minutos, e que depois usaria seu direito constitucional de permanecer calada.
"Enquanto casada com o Carlos, sempre o respeite e admirei seu profissionalismo e dinamismo, mas tínhamos vidas profissionais distintas [...] Posso responder pela minha conduta. Estou extremanente desconfortável com a exposição extrema minha e da minha família", disse.
Andréa Aprígio tem dois filhos com Cachoeira. Segundo ela, os filhos estão sofrendo com a situação vivida pelo pai, que está preso desde fevereiro. Cachoeira foi detido durante a Operação Monte Carlo, que investigou uma rede de jogos ilegais em Goiás.
"Neste momento, tenho de prestar a atenção nos meus filhos, que estão sofrendo com a situação vivida pelo pai [...]. Faço um apelo para que respeitem minha decisão. Cada um tem de responder a respeito dos seus fatos", disse.
Segundo a ex-mulher, em nenhum momento ela teria sido investigada diretamente pela operação Monte Carlo, que resultou na prisão de Cachoeira. "A base de minha condenação são matérias jornalísticas, não tem nenhuma relação com o inquérito da Operação Monte Carlo, mas somente matéria jornalista [...] Com todo o respeito, cabe a investigarem melhor os fatos", disse.
Andréa ainda afirmou que possui uma relação "respeitosa" com Cachoeira devido aos filhos.
"Não se leva de um casamento apenas os filhos, a lembrança e as histórias vividas. Hoje sei que serei sempre a ex-esposa de Carlos Cachoeira. Ele sempre será o pai dos meus filhos. Ele sempre terá as responsabilidades com os filhos. Esta é a única relação que tenho com ele, onde temos o respeito mútuo dos filhos que tivemos", afirmou.
Ao final da sua fala de 20 minutos, Andréa deixou um questionamento aos parlamentares. "Gostaria de deixar um questionamento, senhores e senhoras, acreditam sinceramente que alguém deixaria um bem no nome de um ex-esposo ou ex-marido?", disse a ex-mulher.
Sessão secreta
Após sua fala inicial de 20 minutos, Andréa disse que não responderia a nenhuma pergunta dos parlamentares. O relator, Odair Cunha (PT-MG), chegou a questionar sobre um empréstimo que ela teria recebido de Cachoeira.
Andréa só afirmou ao relator que precisava do dinheiro. "Com certeza, naquele momento eu estava precisando". Ela não quis responder mais às perguntas.
Diante do impasse, os membros da CPI levantaram a alternativa de tornar a sessão secreta, na tentativa de que a ex-mulher de Cachoeira ficasse mais à vontade para responder. A defesa de Andréa aceitou a proposta e jornalistas tiveram que deixar a sala, para que pudesse ser iniciada a sessão secreta.
