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Sábado, 27 de abril de 2024

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Etnias celebram o Quarup no Alto Xingu e governador prestigia ritual

Um momento de celebração, de festa, mas ao mesmo tempo de tristeza. Uma homenagem aos mortos, uma das mais antigas manifestações da cultura brasileira. Assim foi o ritual do Quarup, realizado no último fim de semana (18 e 19.05), na aldeia Yawalapiti, no Alto Xingu, com a presença de nove etnias e acompanhado de perto pelo governador Silval Barbosa e pela ministra da Cultura, Ana de Hollanda. Eles assistiram todo o ritual, desde a chegada dos três troncos (Kuarup), à formação da cabana de palha em frente a Casa dos Homens e o choro das famílias em frente aos troncos, adornados com faixas de algodão e penas.


Para o governador, participar de uma celebração como o Quarup é muito importante. “Aqui a gente vê a cultura preservada. O modo de vida, as tradições, realmente é tudo muito bonito. Aqui estão pessoas do mundo inteiro e o que é importante é que podemos ver também as organizações participando, ajudando na preservação e na manutenção da cultura”, disse o governador.

Silval Barbosa lembrou ainda dos trabalhos desenvolvidos pelo Governo de Mato Grosso, por meio da Superintendência Indígena, que trabalha para fomentar a preservação, trabalho em conjunto com as ONGs e etnias do Estado e a manutenção dessa rica cultura.

A ministra Ana de Hollanda falou que o Ministério da Cultura tem tido uma relação cada vez maior com os povos indígenas, daí a importância de ir ao Xingu e viver tudo o que há de se viver no local. “Uma oportunidade única de um encontro com tantas etnias. Uma demonstração tradicional da cultura deles. É uma relação muito próxima estar no Xingu, comendo, vivendo o dia a dia dos índios, conversar, saber das necessidades, das dificuldades e saber que o Ministério pode ajudar em muita coisa, porque nós temos a Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural, pontos de cultura indígena porque a cultura está voltada para a identidade, não só as artes, mas a expressão de um povo”.

Homenagem

Um dos homenageados neste ano foi o indigenista, antropólogo, educador e escritor Darcy Ribeiro, que em 2012 completaria 90 anos de idade e que teve seu trabalho reconhecido pelos povos do Xingu. A Fundação Darcy Ribeiro realiza trabalho voltado para as etnias indígenas do Brasil e o presidente da instituição, Paulo Ribeiro, sobrinho de Darcy, esteve presente no Quarup e falou da emoção da festa e da homenagem. “É um sentimento quase que de glorificação, de reconhecimento do professor Darcy, mesmo após 15 anos de seu falecimento. Ele foi um dos criadores do Parque Nacional do Xingu, juntamente com Marechal Rondon e Leonardo Villas Boas. Se não existisse o Parque, essa cultura não teria se mantido da forma que se manteve e provavelmente esse povo estaria num estágio bem mais degradável”.

O Xingu, conforme disse Paulo Ribeiro, é um local privilegiado em relação às outras 200 etnias do país e agora quando se comemora 50 anos da criação do Parque Nacional do Xingu o reconhecimento é que o trabalho valeu a pena. “O ritual (Quarup) é muito bonito, muito significativo. Os índios pedem a Deus que receba as almas que estão presas aqui na terra, que elas subam aos céus e que descansem em paz. “É uma declaração profunda de amor, é muito bonito. Sem dúvida nenhuma é a homenagem mais importante para o Darcy, mais importante que qualquer comenda ou outro título já recebido”.

O cacique do Alto Xingu, dos Yawalapiti, Aritana agradeceu a presença do governador e falou da importância do trabalho do Governo do Estado junto com as etnias. “É bom o governador vir aqui. A gente vai no governo pra resolver os problemas. Esse trabalho da superintendência (Indígena) é muito importante porque dá atenção para a gente e ajuda também”, disse o cacique Aritana ao definir ainda brevemente o Quarup. “É uma festa e, ao mesmo tempo, muito triste onde homenageamos os parentes mortos. Ao mesmo tempo bonito e triste. As famílias choram, é muito emocionante”.

Todo o ritual do Quarup é celebrado também com muitas danças e cantos. No primeiro dia, à noite, acontece o momento de ressurreição simbólica, um dos pontos de maior emoção da celebração, onde há o choro e os cantos. Ao raiar do segundo dia, as tribos visitantes chegam à aldeia Yawalapiti em coro, com gritos para o início das competições entre os campeões de cada etnia, a huka-huka. Seguem-se também lutas grupais para os jovens índios. Logo após as competições, são oferecidos peixe e biju para cada etnia visitante em sinal de boas vindas. O moitará é um dos últimos ritos da celebração do Quarup, onde as etnias e os visitantes trocam produtos típicos de cada grupo. O ritual se encerra com o lançamento dos três troncos nas águas dos rios.

Para quem assiste ao Quarup é difícil descrever com palavras a tradição passada de geração em geração. Uma cultura vista talvez por muitos, onde as imagens ali captadas chegam. Porém, único para quem presencia toda a celebração, para quem, assim como os índios, aprende a respeitar e a entender o real significado do respeito àqueles que já se foram.

Prestigiaram ainda o Quarup a superintendente Indígena do Governo de Mato Grosso, Janaina Oliveira, os senadores Rodrigo Rollemberg e José Aparecido dos Santos, além de representantes de várias Ong’s e imprensa de várias partes do Brasil e do exterior.
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