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Circos que exploram animais não são turísticos, mas antros de horror

16 Mar 2009 - 15:52

JOÃO CARLOS DE QUEIROZ, EDITOR DE CARROS E MOTOS

Volta e meia, assistimos circos se instalarem em Cuiabá e Brasil afora. Os circos nunca saíram de moda. Sempre estiveram na ponta da simpatia dos que gostam de se divertir à custa de palhaçadas, mágicas e malabarismos. Mas eles têm seu lado horripilante, maquiavélico, muito bem guardado nos bastidores. São os circos que empregam animais, escravizando-os, explorando e torturando esses inocentes até à morte, conforme aconteceu incontáveis vezes. 


Circos do tipo perderam o tom da graça, tornando-se mira inimiga dos ecologistas e de pessoas esclarecidas acerca das grandes covardias torturantes que os bichos sofrem para parecer ‘felizes' no picadeiro, cumprindo o objetivo dos donos dessas tendas gigantes, que se resume a acumular $$$ e mais $$$. De arte, não têm nada. 

Faço esse preâmbulo para ressaltar a importância de circos que não utilizam animais-escravos nos seus espetáculos, a exemplo do excelente circo do ator Marcos Frota. Ou alguém acha divertido o processo de ‘treino' dos ursos, elefantes e tigres? Isso inclui queimaduras (ferros em brasa) ainda na fase infantil dos animais, surras memoráveis em vários momentos do dia e da noite, clausura em lugares escuros e apertados, decapitação de membros, presas, fome, frio, calor, etc. 

Os animais confinados nesses circos, prisioneiros até à morte, sem direito à aposentadoria, nutrem verdadeiro pavor dos seus domadores. Para quem assiste aos shows circenses, sem conhecimento do que ocorre nos bastidores, são animais dóceis e encantados pelo que fazem. Mas a realidade é: os bichos são traumatizados pelo tratamento cruel diário ao qual são submetidos. Sabem que qualquer erro no “show” com os domadores pode lhes custar horas de mais torturas hediondas. 

Explica-se assim a revolta de alguns bichos (tigres, ursos, elefantes, leões) quando atacam seus domadores, por vezes devorando parte dos carrascos. Os animais querem ter certeza de que eles não vão viver, porque isso significaria – imaginam - a continuidade do cativeiro similar ao dos judeus na época do nazismo, atrocidade que Hitler comandou impunemente.
Em Montes Claros, Minas Gerais, em uma área onde hoje está sediado o novo prédio da Prefeitura, um domador matou um ursinho a pauladas diante de todos ‘os distintos espectadores do espetáculo’. Justamente porque o pobrezinho estava revoltado e assustado com tanta pancadaria, recusando-se a atender suas ordens. Acredito que ninguém aplaudiu esse assassino público, apesar de não mover uma palha em sua defesa e assistir o desenrolar dessa carnificina passivamente. O corpo da vítima foi resgatado pela UFMG, para estudos. 

Cabe assim uma reflexão para que a sociedade brasileira comece a banir os circos que exploram animais. A pergunta de quem vai adquirir um ingresso circense deve(ria) ser esta: “Trabalham com animais?” Se for positiva, meia volta, uma forma de protestar contra essa covardia que os circos praticam há séculos contra os animais. 

Há quem não tenha, compreensivelmente, a necessária gentileza para formular tal pergunta nos moldes acima, já disparando: “Vocês exploram animais para engordar seus cofres?” Ou: “Aqui também animais são trucidados no palco e confinados a uma existência gradeada e em locais escuros?”
Alguns estados do Brasil e vários países não permitem a entrada de circos com animais em seus territórios. São Paulo saiu na frente nos quadrantes tupiniquins e condenou veementemente essa prática, que considera altamente abusiva e em contraste aberto com campanhas ecológicas em curso.
O triste fato é que esses circos continuam desafiando a sociedade e as autoridades. Ao optar por uma cidade, chega ao cúmulo de desfilar com os animais prisioneiros pelas ruas centrais, anunciando o espetáculo covarde que sempre protagonizam. O ideal seria que as pessoas, além de não comprar ingressos, também se posicionassem em franca campanha pública contra a presença desses criminosos não confessos, pois o ato de exploração de qualquer animal já se constitui em crime, em si.
Fica, enfim, uma sugestão para que o Ministério Público Estadual e Federal, sempre acirrado em defesa de causas sociais diversas, entenda isso como uma afronta social e ao próprio Código Penal Brasileiro, fazendo valer as sanções para os exploradores de animais. Exploração de animais é um traço inequívoco de atraso de qualquer País.
João Carlos de Queiroz é jornalista profissional em Cuiabá. Fundador da Sociedade Norte Mineira Protetora dos Animais (MG) e Fundação Amigos da Natureza www.fundacaoamigosdanatureza.com.br, entidade que preside em Mato Grosso.



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