Quinze testemunhas foram listadas pela acusação e pela defesa para serem ouvidas no processo que julga o assassinato do ex-diretor da Yoki, Marcos Kitano Matsunaga. O juiz Adilson Paukoski Simoni anunciou terça-feira (11) para o dia 10 de outubro a data da audiência para que elas prestem depoimento na fase de instrução do processo que irá decidir se a bacharel em direito Elize Araújo Kitano Matsunaga será submetida a júri pelo assassinato do marido.
Os depoimentos das testemunhas, o interrogatório da ré e os debates entre Ministério Público e advogados da acusada serão realizados no 5º Tribunal do Júri, no Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste da capital paulista, a partir das 10h. (Veja abaixo a relação dos escolhidos.)
Nome
Profissão
Indicação
Relação com os fatos
Mauro Kitano Matsunaga
empresário e irmão de Marcos Matsunaga
acusação
Pode falar sobre o que a vítima falava de Elize e a relação do casal
Willian Coelho de Oliveira
detetive
acusação
Foi contratado por Elize para filmar traição de Marcos com modelo
Valter Sérgio de Abreu
delegado e amigo da família Matsunaga
acusação
Ajudou os parentes da vítima a procurar Marcos quando ele desapareceu
René Henrique Gotz Licht
reverendo da Catedral Anglicana de SP que casou Marcos e Elize
acusação
Disse à polícia ter alertado o diretor sobre o risco de ele ser morto pela mulher
Horácio Rubem D’Abramo
empresário dono de haras em Cotia e amigo de Marcos
acusação
Pode falar sobre como era a relação entre o casal Matsunaga
Luiz Carlos Lózio
funcionário da Yoki e amigo de Marcos
acusação
Pode falar sobre a relação de Marcos com Elize
Nathalia Vila Real Lima
modelo e pivô da traição de Marcos
acusação
Inicialmente havia dito à Polícia Civil que conheceu o empresário quando era garota de programa e recebeu dinheiro por isso. Depois, negou isso e afirmou que o conheceu como modelo e que ganhou presentes da vítima
Amonir Hercilia dos Santos
babá que foi ao apartamento do casal Matsunaga no dia 20 de maio
acusação
Pode falar sobre a relação do casal e repetir o depoimento dado à Polícia de que não viu Elize esquartejar o marido porque tomava conta da filha dos Matsunaga
Mauro Gomes Dias
delegado do caso
acusação (juiz)
Concluiu o inquérito do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) indiciando Elize por assassinato e ocultação de cadáver. Para ele, a bacharel agiu sozinha
Jorge Pereira de Oliveira
médico-legista e perito do Instituto Médico Legal (IML) da Polícia Técnico-Científica
acusação (juiz) e defesa
Apontou em laudo que, apesar de baleada na cabeça, a vítima foi decapitada ainda com vida e que cortes no corpo sugerem que mais alguém poderia ter ajudado no esquartejamento
Ricardo Salada
perito do Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Técnico-Científica
acusação (juiz) e defesa
Fez laudo da reprodução simulada do crime com a participação de Elize. Antes, analisou o apartamento do casal e encontrou vestígios de sangue no local, além de armas
Neuza Gouveia da Silva
empregada do casal Matsunaga
defesa
Pode falar sobre como era o relacionamento entre Marcos e Elize
Mauricéia José Gonçalves dos Santos
babá que esteve com o casal no dia 19 e aparece nas imagens das câmeras do elevador do prédio
defesa
Assim como no inquérito, pode relatar que foi dispensada por Elize momentos antes dela matar o marido
Maria das Graças da Hora Santiago
ex-empregada dos Matsunaga
defesa
Pode falar sobre como era a vida do casal até ela ter sido dispensada por Elize dias antes do crime
Giovani de Oliveira Serafini
advogado
defesa
Não informado pelo advogado
Arte caso Elize Matsunaga (Foto: Arte G1)
Entre as testemunhas arroladas pelo Ministério Público, defensores da ré e juiz, estão: a pivô da traição de Marcos; o detetive que gravou essa modelo com o executivo; o reverendo que alertou o empresário sobre o risco dele ser morto por Elize; as duas babás que estiveram com a bacharel antes e depois do crime; o delegado do caso; um médico legista que concluiu que o diretor ainda estava vivo quando foi decapitado; um perito que fez a reconstituição do assassinato; e um irmão da vítima.
Dúvidas
O Ministério Público de São Paulo informou em 4 de setembro que fará uma série de perguntas nesta semana aos peritos da Polícia Técnico-Científica para que eles possam esclarecer algumas dúvidas a respeito do resultado do laudo do DNA sobre o processo que apura o assassinato do empresário Marcos Kitano Matsunaga. Para a Promotoria, a principal questão a ser respondida é saber se o exame indicou a presença de sangue diferente da vítima e da assassina, a bacharel em direito Elize Araújo Matsunaga, na cena do crime.
No sábado (1º), o promotor José Carlos Cosenzo, responsável por denunciar a viúva à Justiça, havia dito que o documento do Núcleo de Biologia e Bioquímica do Instituto de Criminalística (IC) informava que foi encontrado material genético masculino e feminino que não é o do casal.
Caso a perícia confirme a informação acima, de que foi achado sangue de outra pessoa no apartamento do casal, Cosenzo afirmou ao G1 que pedirá para a Polícia Civil instaurar um novo inquérito para investigar a suspeita da participação de mais alguém na morte e esquartejamento do corpo de Marcos. Ele cogita até mesmo a possibilidade de vir a requisitar que as babás e o marido de uma delas forneça uma amostra de sangue para comparar com o colhido pelos peritos na residência dos Matsunaga, na Zona Oeste.
DNA
No documento assinado pela perita Roberta Casemiro da Rocha Hirschfeld, ela escreve que em um dos cotonetes com as amostras coletas no apartamento há “um perfil genético compatível com uma mistura de material genético de no mínimo dois indivíduos, sendo ao menos 1 deles do sexo masculino”.
A perita completa que “nestes perfis, não foi observado relação de verossimilhança dos alelos neles presentes e os alelos presentes no perfil genético obtido do sangue da vítima Marcos Kitano Matsunaga, estando este excluído como possível gerador destas amostras.”
DHPP
O diretor do DHPP, Jorge Carrasco, havia dito na segunda-feira (3) que também pedirá esclarecimentos aos peritos sobre o DNA encontrado na residência do casal. Enquanto isso não ocorre, ele entende que a bacharel continua sendo a única suspeita do crime e agiu sozinha, baseando-se na investigação e laudos periciais, inclusive o da reconstituição do crime.
Pedido de sigilo
Os advogados da família de Marcos entraram com um pedido na Justiça para que seja decretado sigilo no processo. A alegação se baseia no fato de que fotos da autópsia do corpo da vítima vazaram na internet, causando constrangimento aos parentes.
Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ)-SP o pedido de segredo foi feito na segunda-feira (3), mas ainda não há nenhuma decisão a respeito.