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Domingo, 21 de julho de 2024

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Propaganda eleitoral em redes sociais divide opiniões em Minas Gerais

Mesmo com tantas restrições impostas pela Justiça Eleitoral, as campanhas eleitorais estão cada vez mais próximas dos eleitores. Para alguns, no entanto, tanta proximidade acaba sendo invasiva demais e gera desconforto. Em várias cidades de Minas Gerais, a grande queixa diz respeito aos cavaletes com publicidade eleitoral. Muitos destes atrapalham a visão dos motoristas e dificultam a passagem dos pedestres. Depois de reclamações, o Ministério Público Eleitoral (MPE) agiu e a Justiça impôs algumas regras, como, por exemplo, a proibição de cavaletes em canteiros de rotatórias ou a menos de dez metros de distância dos cruzamentos.


No entanto, os organizadores das campanhas não param por aí. Em tempos de globalização e redes sociais em alta, é por meio da internet que alguns candidatos tentam pulverizar propostas, debater ideias e, principalmente, tentar fixar nomes e números para que os internautas os conheçam. Mas, o tiro pode estar saindo pela culatra já que alguns desses internautas não gostam de tanta propaganda nas páginas pessoais.

A jornalista Isabella Lima, 22 anos, trabalha em Araxá, no Alto Paranaíba, e passa praticamente o dia todo conectada. Para ela, os cabos eleitorais de alguns candidatos estão perdendo a noção. "Se a pessoa não é candidata, acho invasivo ficar postando propaganda a toda hora. É incômodo, principalmente quando parte para o lado de agressão a outro candidato. Ao invés de simplesmente agredir um ou outro, quem gosta de política nas redes sociais deveria aproveitar para compartilhar informação relevante", disse ela revelando uma tendência. "Quanto mais propagandas nas redes sociais, mais me antipatizo pelo candidato e, dessa forma, ele tem menos chances de conseguir meu voto", afirmou.

Isabella, assim como outras tantas pessoas, já chegou ao ponto de bloquear ou até excluir alguns 'amigos' da página dela por causa do número excessivo de postagens relacionadas a eleições.

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Já Fernando Bove, de 30 anos, que trabalha como aplicador de insulfilm em Uberaba, no Triângulo Mineiro, é direto ao afirmar que não gosta de política nas redes sociais. "Não me influencia em nada. Ainda não cheguei a excluir ninguém por causa disso, mas não aceito ser marcado em fotos e outras postagens envolvendo política", revelou.

Para o auxiliar administrativo Tiago Machado, de 30 anos, também de Uberaba, mais do que a simples militância, outros interesses movem essas pessoas que se dedicam a postar propaganda eleitoral nas redes sociais. "Eu acho que cada um coloca o que quiser. Todo mundo tem esse direito. No entanto, se for exagerado eu bloqueio as atualizações", disparou, explicando que esse tipo de propaganda não conquista o voto dele. "Na verdade, acho esse tipo de abordagem inútil", avaliou.

No entanto, há quem goste e ache totalmente viável a utilização das redes sociais como forma de disseminação de propostas políticas, bem como não se sente incomodado com tamanha quantidade de informações. Uma dessas pessoas é o designer gráfico Alex Maia, de 35 anos. Ele avaliou que as redes sociais têm a função estabelecer a comunicação entre as pessoas, seja qual for o assunto. "Se as pessoas divulgam festas, comércio, religião, por que não divulgar política?", questionou, emendando: "Mas, é preciso ter bom senso. Vejo que algumas pessoas não têm. No entanto, a rede social é pública. Quem quiser, veja, quem não quiser, exclui", completou.

Para Alex, se bem feita, esse tipo de ação pode sim conquistar votos. "Já encontrei algumas postagens legais, ainda que nenhuma tenha conquistado meu voto", avaliou.

A jornalista Mara Santos também concordou que as redes sociais podem ser utilizadas como ferramentas na hora de se fazer propaganda eleitoral e propagar ideias. "Acho que o espaço deve ser aproveitado pelos candidatos para que eles exponham suas ideias, apresentem a agenda e suas ações durante a campanha. Os cabos eleitorais podem divulgar as agendas dos candidatos sem perturbar", disse.


"Santinhos" e folhetos de candidatos jogados nas
ruas de Uberlândia (Foto: Gabriel Faria/VC no G1)

Falta de fé nos santinhos
Além das redes sociais, a distribuição de panfletos informativos, adesivos e os famosos 'santinhos' faz parte dos processos eleitorais. E se as postagens na internet incomodam muita gente, os santinhos jogados pelas ruas ou nas caixas de correios também.

Descontente com a quantidade exagerada de materiais publicitários jogados no jardim da casa dela, a jornalista Isabella Lima foi incisiva. "Esse tipo de atitude me faz desconsiderar qualquer possibilidade de votar no candidato. Eles enchem o jardim de santinhos e alguns, mais abusados, colocam até embaixo da porta", revelou.

Da mesma forma, Fernando Bove é contra esse tipo de ação, que, segundo ele, só serve para gerar poluição e aborrecimento. "Eu só tenho o trabalho de agachar, pegar os papeis e jogá-los no lixo. Não leio nada daquilo", afirmou.

Lembrando-se dos constantes problemas enfrentados com as enchentes que atingem Uberaba, Mara Santos não se conforma com a sujeira feita por esse tipo de material e a forma empregada na distribuição do mesmo. "É uma situação absurda. Isso acaba contribuindo para entupir canaletas por onde passam as águas", lembrou.

Apesar de a legislação proibir a distribuição de material impresso de forma que a higiene e a estética urbana sejam prejudicadas, na região, nenhum candidato chegou a ser multado por esse tipo de ação.

Regras
Assim como ocorreu em Uberlândia, cidades como Uberaba, Divinópolis e Araxá devem realizar reuniões com os responsáveis pela segurança pública, Justiça Eleitoral e candidatos a respeito da conduta dos agentes políticos no dia do primeiro turno, previsto para 7 de outubro. Vale lembrar que a boca de urna não é permitida, sendo que os infratores estão sujeitos a prisão, além de ter todo o material apreendido. Nestas cidades, as reuniões devem ser realizadas ainda nesta semana.

Em Uberaba, o comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Ademir, já declarou que não irá tolerar esse tipo de ação. Além disso, existe a possibilidade de o estádio Uberabão ser utilizado como base pelas instituições de segurança pública. 
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