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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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Maioria dos mestres e doutores trabalha com educação, diz pesquisa

Maioria dos mestres e doutores trabalha com educação, diz pesquisa
As instituições de ensino são as que mais empregam profissionais com mestrado e doutorado no Brasil. De acordo com o Censo Demográfico de 2010, 32,30% dos mestres e 47,78% dos doutores trabalham no ramo da educação, seja pública ou privada. Os dados fazem parte de um estudo estatístico sobre mestrado que está sendo realizado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. O estudo será lançado dentro de um mês e os números parciais foram divulgados com exclusividade ao G1


Apesar de historicamente, mestres e doutores brasileiros seguirem carreiras acadêmicas e serem absorvidos por escolas e universidades, o levantamento do CGEE mostra que outros setores têm se interessado por profissionais com pós-graduação stricto sensu, que proporciona título de mestrado ou doutorado, ao término do curso.

Depois da educação, os setores que mais empregam mestres e doutores são saúde humana e serviços sociais, seguido pelos departamentos de administração pública, defesa e seguridade social (veja números abaixo). O estudo revela que o país possuía até 2010, 566.027 pessoas com títulos de mestrado e 218.721 de doutorado. Entre os doutores, 43% trabalham com carteira assinada e 31% em regime de funcionalismo público. Já entre os mestres os números são: 50% (carteira assinada) e 20% (funcionários públicos).

Segundo Sofia Daher, assessora técnica do CGEE responsável pelo estudo, há uma tendência da indústria contratar profissionais com pós-graduação, e não apenas as instituições de ensino. “Os doutores titulados recentemente tendem a ir mais para a indústria do que há 10 anos. O próprio mercado pede esta mão de obra qualificada ao abrir espaço para pesquisas.”

Mestre e doutor em ciência da computação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Carlos Alberto Kamienski, de 45 anos, é professor da Universidade Federal do ABC, que possui campi em Santo André e São Bernardo, no ABC. Na instituição, 100% do corpo docente tem título de doutorado. Antes da docência, Kamienski teve a experiência de atuar em indústrias e também a de ter a própria empresa, mas gosta mesmo é de ser professor.

Segundo ele, as empresas estão investindo em pesquisa e há muita demanda por profissional com pós-graduação nas áreas tecnológicas. “Mudou-se a cultura e hoje quem faz mestrado ou doutorado não necessariamente quer seguir a carreira acadêmica. O mercado precisa de mestres e doutores para fazer pesquisa, isso é comum nos países desenvolvidos.”
A área de TI é muito dinâmica, não teria dificuldade se tivesse de ir para o mercado, mas tenho interesse pela academia, talvez por vocação."
Carlos Alberto Kamienski, professor da UFABC

Kamienski diz que a visão de que teve do mercado o ajuda em sala de aula, e apesar de ter propostas com salários irrecusáveis de empresa privadas, optou pela carreira acadêmica. “A área de TI é muito dinâmica, não teria dificuldade se tivesse de ir para o mercado, mas tenho interesse pela academia, talvez por vocação.”

O professor afirma que na universidade está sempre se atualizando com o contato com os alunos. Para ele, independente dos objetivos, vale a pena apostar na pós-graduação stricto sensu. “Os cursos dão uma visão mais crítica e a pessoa fica preparada para analisar o ambiente, detectar problemas e encontrar soluções, fica treinada para inovações.”

Quem pretende ingressar em um mestrado ou doutorado para lecionar, tem como aliado a meta 13 do Plano Nacional de Educação que deve aumentar o número de vagas nas instituições de ensino. Em tramitação no Congresso, o plano estabelece metas de qualidades para educação para os próximos dez anos. A meta 13 diz que 75% dos docentes em exercício das instituições de ensino superior devem ter diploma de pós-graduação, sendo, do total, 35% de doutorado.
Edgar Rizzatti tem pós-doc e trabalha com pesquisa no Laboratório Fleury (Foto: Divulgação)Edgar Rizzatti tem pós-doc e trabalha com pesquisa no Laboratório Fleury (Foto: Divulgação)

‘Existe um nicho de mercado’
Edgar Gil Rizzatti, de 37 anos, é médico, fez pós-doutorado nos Estados Unidos e teve pouca experiência como professor. Há cinco anos, ele trabalha como gerente de pesquisa e desenvolvimento do Laboratório Fleury, em São Paulo. Rizatti é hematologista, atua na área de linfomas, e se interessou pela iniciação científica já durante o curso de graduação em medicina na Universidade de São Paulo (USP), no campus de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.

No Fleury, o hematologista coordena uma equipe de 16 profissionais, todos com título de pós, que trabalha com atividades de pesquisa e desenvolvimento de novos testes e diagnósticos. Também presta consultoria médica avaliando resultados de exames e propondo estratégias de investigação de possíveis doenças.

Para Rizatti, há um crescente interesse de instituições privadas em contratar profissionais mais qualificados. “O doutorado não é só para lecionar. Muitos profissionais chegam nesse nível de formação e existe um nicho de mercado. Pensei na carreira acadêmica, mas houveram desdobramentos na minha vida e me surgiu a oportunidade na esfera privada. Pretendo continuar neste caminho.” O especialista diz que os pesquisadores são fundamentais em diferentes segmentos, pois quanto mais diferenciada a formação do indivíduo mais ele funciona como uma agente de conhecimento na área em que atua. "E dessa forma pode contribuir para o desenvolvimento."

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