As eleições parlamentares previstas para amanhã no Líbano determinarão o futuro político do país pelos próximos quatro anos e serão um instrumento-chave para a consolidação institucional em território libanês.
No domingo, mais de três milhões de eleitores estão convocados a escolher 128 deputados, sendo 64 cristãos e 64 muçulmanos, entre 580 candidatos que se apresentaram por todo o país.
Duas coalizões concentram o embate eleitoral: as Forças de 14 de Março, grupo majoritário no Parlamento libanês e apoiado pelo Ocidente e pelos países árabes moderados, e as Forças de 8 de Março, lideradas pelo Hisbolá e sustentadas pela Síria e pelo Irã, entre outros.
A maioria dos candidatos independentes pretende formar um grupo de apoio ao presidente libanês, Michel Suleiman, com o objetivo de conduzir as reformas necessárias para o ressurgimento do Estado de direito e impedir a paralisia das instituições, como ocorreu na história recente do país.
As duas principais coalizões apresentaram programas de reformas, mas diferem principalmente em relação às políticas externa, econômica e de defesa nacional.
As pesquisas iniciais indicam que a batalha no Parlamento está decidida na maioria das regiões, pelo peso indiscutível das forças políticas em cada área.
A briga eleitoral será dura em uma das três circunscrições de Beirute, onde concorrem duas listas, uma liderada pela atual maioria e a outra pela oposição, assim como em alguns pontos das regiões central e norte do Líbano.
Nas circunscrições de maioria cristã, por exemplo, concorrem as listas do general Michel Aoun, que faz parte da oposição liderada pelo Hisbolá, e as apoiadas pelas Forças de 14 de Março, assim como alguns independentes.
O general Aoun afirmou que prevê um "tsunami similar ao de 2005", em alusão à vitória arrasadora que obteve naquele ano, quando seus candidatos obtiveram 70% dos votos do eleitorado cristão.
No entanto, sua aliança com o Hisbolá e sua aproximação à Síria, cuja presença tinha combatido inclusive pegando em armas, o fez perder parte de sua popularidade entre sua base.
A complexidade da situação no Líbano, um mosaico de 19 comunidades religiosas e na vanguarda regional em muitos campos sociais, fez com que sua evolução política sempre fosse acompanhada com interesse pela comunidade internacional.
O secretário de Estado adjunto dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Jeffrey Feltman, disse considerar "ingênuo" pensar que a política americana para a região não mudaria caso a oposição vença o pleito parlamentar no Líbano.
Recentemente, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, assegurou que uma vitória da oposição no Líbano mudaria a situação em todo o Oriente Médio.
O Líbano permanece em estado de guerra com Israel, o que levou o Estado judeu a intensificar suas intervenções por meio da multiplicação de redes de espionagem, de manobras militares na fronteira e, segundo o Hisbolá, da publicação de artigos contra esse grupo xiita.
Já a Síria, que controlou o Líbano por quase três décadas, continua presente por meio de seus aliados e de sua imprensa.