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Terça-feira, 06 de agosto de 2024

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Em Paris, Dalai Lama diz que China condenou Tibete à morte

Em uma visita que desagradou as autoridades chinesas e estremeceu novamente as relações entre França e China, o Dalai Lama desembarcou neste sábado (6) em Paris, acusando Pequim de impor a "pena de morte" para o Tibete.


O líder espiritual tibetano será nomeado cidadão honorário de Paris, apesar das várias advertências por parte do governo da China de que sua ida ao país prejudicaria as relações franco-chinesas.

O Dalai Lama fez fortes críticas às ações da China no Tibete desde que os protestos contra Pequim começaram na região, no ano passado. "Eu tenho um sentimento, desde março de 2008, de que uma nação muito antiga e sua herança e cultura tinham recebido a pena de morte", disse à imprensa ao desembarcar no aeroporto.

"O governo chinês mantém uma política linha dura, mas o povo chinês ignora esta situação. A comunidade internacional deve ir lá investigar, sem restrições", afirmou o Dalai Lama.

‘Pessimismo’

O líder budista, de 73 anos, receberá o título de cidadão honorário da capital francesa no domingo (7). Neste sábado, ele se encontrou com parlamentares franceses a favor do Tibete, além de membros das comunidades chinesa e tibetana na França.

"Ele nos pareceu muito pessimista", comentou Lionnel Luca, presidente do grupo de estudos do parlamento especializado na questão tibetana. "Pela primeira vez, ele nos disse que os eventos de março de 2008 foram uma provocação das autoridades chinesas".

O parlamentar, membro do partido UMP, do presidente Nicolas Sarkozy, disse ainda que o Dalai Lama acusou o Estado chinês de mandar agentes para destruir lojas durante protestos pacíficos pela libertação do Tibete para manchar a imagem do movimento.

Viagem

Autoridades francesas afirmam que foi uma coincidência o Dalai Lama estar em Paris no mesmo dia em que o presidente americano, Barack Obama, e que não há planos de um encontro entre os dois ou mesmo entre o líder tibetano e representantes do governo dos Estados Unidos.

"Mais uma vez, me sinto muito feliz por vir à França. A principal razão de minha visita é receber esta honra, que é ser cidadão de Paris", declarou o Dalai Lama. "É uma oportunidade de encontrar meus velhos amigos, políticos, empresários, intelectuais e pessoas comuns", acrescentou.

Advertências

A França é o quarto e último país desta viagem do líder tibetano pela Europa, que recebeu advertências severas do governo chinês, apesar do Dalai Lama destacar que suas motivações no continente não são políticas.

A China já havia demonstrado grande irritação em dezembro, quando Sarkozy se encontrou com o Dalai Lama. No mês passado, a China lançou um alerta à França, para que não cometa "erros" em relação ao Tibete.

"Se o governo da cidade de Paris entregar este prêmio, terá definitivamente e mais uma vez a forte oposição do povo chinês", indicou o porta-voz do ministro das Relações Exteriores, afirmando se tratar de uma intervenção nos assuntos internos chineses.

O prefeito de Paris, o socialista Bertrand Delanoe, respondeu dizendo que a homenagem é uma iniciativa da cidade, e não do Estado francês. Delanoe estimou que "não se trata de uma questão de interferência", mas que "não há chance de renunciar às minhas convicções, sem a intenção de ser provocativo".

Antes de ir à França, o Dalai Lama visitou Dinamarca, Islândia e Holanda.
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