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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

Notícias | Educação

Programa de Alfabetização resgata cidadania

Uma deficiência auditiva, adquirida na infância, afastou Virgínia Gonçalina Conceição da Silva, de 67 anos, de freqüentar a escola no período regular. Filha de lavrador foi criada por um tio até o dia em que deixou a lavoura para casar e criar os filhos. Hoje, mais de 50 anos depois, foi estimulada por uma colega a participar das aulas do Programa Brasil Alfabetizado, no bairro Praeiro, onde mora em Cuiabá. Este mês de novembro, vivenciou a alegria de participar da primeira formatura, numa noite cultural a qual lhe conferiu o certificado de conhecimento das letras.


O caso de dona Virgínia é semelhante ao da maioria das mulheres da turma, que por motivos financeiros, familiares, ou de saúde, ficaram distantes dos bancos escolares no período considerado indicado para a alfabetização. Hoje elas trazem para a sala de aula outros conhecimentos, aqueles que aprenderam na vida. E, a partir dessas histórias, os professores resgatam o aprendizado da leitura e escrita.

Ana Maria Moraes de Arruda, 59 anos, e a colega de turma, Ana Pereira dos Santos, 74 anos, também do Praeiro, comemoram a possibilidade de poder assinar o nome. “Acabou o período de carimbar o dedo nos documentos”, disse Ana Moraes. Saber escrever o nome, ler as placas na feira e no mercado, ou mesmo o itinerário dos ônibus é a conquista de inclusão. Um avanço que ela pretende dar prosseguimento, com a matrícula no primeiro segmento da Educação de Jovens e Adultos.

Alfabetizadores

A turma do Praeiro é uma das seis que a professora aposentada Genésia Café coordena. As outras estão distribuídas por bairros periféricos de Cuiabá e Várzea Grande. “As dificuldades são semelhantes, entre as principais, que acabam causando evasão estão dificuldades de enxergar as letras no livro e alta rotatividade de professores, que acaba desmotivando o aluno”. A falta de continuidade dos professores, para a coordenadora, está mais ligada a falta de perfil para trabalhar com adultos. “Quem se candidata ao PBA, tem que saber que se trata de uma prática de amor, tem que gostar”, diz.

Essa paixão, da qual fala a coordenadora, foi o que levou a irmã Anete – formadora da turma – a mobilizar a comunidade para criar um grupo de alfabetização. “Faço estudo da Bíblia há seis anos no bairro e foi quando uma das participantes manifestou o desejo de saber ler para poder compreender o texto. Foi assim que nasceu a turma do PBA no Praeiro”, relata.

Há pouco mais de três meses dando aulas para a turma do Praeiro, a professora Susye Ekil Mosteiro Auerswald, descobriu uma vocação. “Apesar das dificuldades enfrentadas no início, me adaptei e hoje fiz até uma pós- graduação em alfabetização empresarial, pois me identifiquei com a alfabetização de adultos”, relata a professora.

Programa

O PBA é um programa que visa resgatar pessoas analfabetas e inseri-las na educação formal. O curso, com periodicidade de oito meses, é ministrado por professores aposentados, estudantes de pedagogia, em espaços alternativos (igrejas, centro de convivências ou em salas escolares cedidas em períodos alternativos). A formação de turma fica aos cuidados do professor. “Precisamos do apelo afetivo que eles têm com a comunidade, pois esses estudantes normalmente têm resistência ao ambiente da escola formal”, relata a coordenadora estadual do PBA Márcia Dudeque.

As inscrições para o próximo período, previsto para 2013, já estão abertas. Os interessados- professores e coordenadores de turmas – devem entrar em contato com a coordenação de Educação de Jovens e Adultos (EJA), na Secretaria de Estado de Educação (Seduc) pelos telefones (65) 3613-6325 ou 6447/6321.
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