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Sexta-feira, 26 de julho de 2024

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Só 1 dos condenados por incêndio no 'Canecão Mineiro' cumpre pena

Após mais de 11 anos do incêndio que matou sete pessoas e feriu 197 pessoas em Belo Horizonte, somente um dos sete condenados por homicídio culposo cumpre pena. No dia 24 de novembro de 2001, um incêndio que começou com uma cascata de fogos de artifício no palco consumiu a casa de shows “Canecão Mineiro”. Na hora, se apresentava a banda “Armadilha do Samba”. A casa não tinha alvará de funcionamento nem saídas de emergência, e catracas faziam o controle de entrada e saída na porta principal. Naquela noite, 1,5 mil pessoas assistiam ao show no momento do incêndio.


Neste domingo (27), mais de 230 pessoas morreram em um incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. A maior parte das vítimas são estudantes universitários. As causas do incêndio são investigada pela polícia. Testemunhas relataram que o fogo começou depois que o vocalista acendeu uma espécie de sinalizador, e faíscas atingiram o teto da casa noturna. Delegados aguardam o resultado da perícia para verificar o que ocorreu e onde as chamas começaram.

Sobrevivente da tragédia do “Canecão Mineiro”, o músico Il Brener contou o que viu dentro da casa de shows em Belo Horizonte. “Quando eu deparei com o fogo que estava pequeno no teto, tinha ainda aquela esperança que o segurança pudesse apagar, mas quando ele jogou o extintor, alastrou [o fogo]. Aí o recurso foi só correr mesmo pra salvar a vida”, relembrou Brener. Ele era um dos músicos da banda, e estava no camarim na hora do início da cascata de fogos. Ele conta que subiu ao palco instantes depois, mas o fogo já estava no teto.

“Tinha em média mais de mil pessoas no local, e deu curto circuito, com fumaça, sem luz. Você não sabe onde é a saída. Você vai andando, pedindo pra Deus que dê certo. Nesse trajeto [do palco até a porta de saída], eu inalei muita fumaça, alguns respingos de plástico foram pegando na pele e fui indo pedindo a Deus pra dar certo. (...) Tinha muita gente na nossa frente, então pegamos, abraçamos uns aos outros [músicos] e fomos indo, mas no meio do caminho vai separando naquele empurra-empurra, não tem luz e eu continuei andando”.

Brener ficou 15 dias em coma por complicações respiratórias e sofreu várias queimaduras. “Eles jogavam soro na gente porque ‘tava’ já na carne, então não podia colocar lençol, com o perigo de grudar”, detalhou o músico. “A principio, eu devo ter tomado uma medicação que eu não lembro porque depois eu só lembro da médica pedindo pra eu cuspir em uma vasilha e só saia aquelas bolas de fumaça e, depois disso, eu já entrei em coma, e não lembro mais”, contou.

Os sete condenados por homicídio culposo – em que não há intenção de matar - eram o empresário da banda, dois músicos, dois promotores do show e o dono da casa de shows, além do irmão dele. Todos foram condenados em 2004 a quatro anos de prisão em regime aberto. Em 2008, as penas foram revertidas pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais a prestação de serviço comunitário. Os sete condenados, somente um dos promotores da banda cumpre pena de dois anos e seis meses no Rio de Janeiro. As penas dos outros varia de 1 ano e seis meses a 3 anos e um mês de serviços comunitários.

Entre todos os feridos e familiares dos mortos na tragédia, somente uma sobrevivente conseguiu na Justiça indenização.
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) condenou a Prefeitura de Belo Horizonte a indenizar a mulher em 300 salários mínimos. É a primeira sobrevivente a conseguir reparação judicial pelos danos sofridos. Segundo o advogado dela, Antônio Carlos Theodoro, da decisão não cabe recurso, e a sentença está em fase de execução. A expectativa é que o pagamento seja feito até o próximo ano. A mulher não quis dar entrevista. O processo de Brener, que entrou na Justiça contra o estado, foi arquivado.
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